O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun,
telefonou a deputados petistas pedindo ajuda para evitar a greve dos
petroleiros, marcada para começar nesta quarta-feira. Os telefonemas ocorreram
na segunda-feira, quando a greve dos caminhoneiros ainda paralisava grande
parte do país. Dois deputados confirmaram ter recebido as ligações. E
disseram que suas respostas foram negativas para o ministro.
Paulo Pimenta, do PT gaúcho, disse ter recebido ligação de
Marun, em seu celular, por volta das dez horas da manhã de segunda. Segundo
ele, o ministro fez um relato alarmado ao líder da bancada do PT na Câmara.
“Demonstrava preocupação com as greves dos caminhoneiros e também a dos
petroleiros, e sobre um eventual cenário ainda mais delicado que uma crise de
desabastecimento poderia acarretar”, afirmou Pimenta à piauí.
O deputado Carlos Zarattini, do PT de São Paulo, também foi
procurado pelo ministro na segunda. Marun pedia que ele tentasse falar com os
sindicatos. “Mas como é que a gente vai influenciar em pauta de sindicato? Eles
têm diversas tendências políticas, não é assim”, afirmou.
A greve dos petroleiros foi anunciada para começar à
meia-noite de quarta-feira, convocada pela Federação Única dos Petroleiros, a
FUP, por 72 horas, e pela Federação Nacional do Petróleo, a FNP. “Eu expliquei
para ele que a nossa postura é de não reconhecer o governo, estamos na
trincheira do ‘Fora, Temer’”, disse Pimenta, sobre a conversa com Marun.
Ainda a respeito da pressão do governo, o parlamentar disse que o
ministro “ligou para a pessoa errada”.
Longe dos microfones, parlamentares do PT veem com
preocupação o novo movimento grevista. Para alguns deles, a paralisação pode
acabar reforçando discursos direitistas, assim como aconteceu na dos
caminhoneiros, em que parte dos manifestantes pediu, dentre outras demandas,
uma intervenção militar no país.
Diante do fracasso das tentativas de Marun de usar os
petistas para evitar a greve dos petroleiros, outros governistas partiram para
outro tipo de tática. Em entrevista ao Poder360, o líder do MDB no Senado,
Romero Jucá, acusou o PT de querer “aumentar a confusão e o desabastecimento
provocados pela greve dos caminhoneiros”. Ao mesmo tempo, o governo conseguiu
que o Tribunal Superior do Trabalho julgasse a greve ilegal. A ministra Maria
de Assis Calsing concedeu liminar favorável ao governo e escreveu na decisão
que a paralisação é “aparentemente” abusiva.
A notícia da pressão de Marun ao PT chegou também à
Federação Única dos Petroleiros, a FUP, que congrega 14 sindicatos e que tem
entre seus membros pessoas próximas ao partido. A Federação manteve a greve, a
despeito da decisão do TST.
O discurso petista que antes era pela radicalização do
movimento dos petroleiros passou a ser de moderação. “A greve dos petroleiros
estava marcada com antecedência. Não tem como voltar atrás. Mas está restrita à
área de produção. Não haverá corte de abastecimento”, disse o senador Lindbergh
Farias ao Poder360. (FolhaUol)
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