Para conseguir bancar os benefícios aos caminhoneiros,
como o desconto de 46 centavos no preço do diesel, o governo
teve que recorrer aos recursos do Reintegra. Um decreto do presidente
Michel Temer divulgado nesta quinta-feira, 31, praticamente acaba com o
programa de incentivo fiscal aos exportadores.
Pelo ato, o tamanho da devolução do Reintegra aos
exportadores vai cair dos atuais 2% para 0,1%, o que renderá aos cofres
públicos 2,27 bilhões de reais em 2018, cobrindo com isso a maior parte da
perda de receita de 4,01 bilhões neste ano com a decisão de diminuir impostos
sobre o diesel para acabar com a paralisação dos caminhoneiros. Com o
programa, o governo devolve parte dos tributos pagos por exportadores de
produtos industrializados para compensar a redução de tributos federais.
O governo também precisou cancelar recursos para programas
nas áreas de saúde, como do aprimoramento do Sistema Único de Saúde (SUS),
educação, saneamento básico e moradia popular. Até a verba para policiamento
ostensivo nas rodovias federais foi afetada.
Entre os cortes, a reserva para capitalização de empresas
estatais federais perdeu 1,667 bilhão de reais e a reserva de contingência da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional sofreu redução de 979,297 milhões de
reais. Cortes também atingirão o Programa de Reforma Agrária, com 30,779
milhões de reais, e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, com outros
21,750 milhões de reais.
A MP também cita que o Programa de Assistência Técnica e
Extensão Rural Para Agricultura Familiar registrou corte de 5,443 milhões de
reais, a Defesa Agropecuária registrou corte de 2,996 milhões de reais e a
Pesquisa e Inovações para a Agropecuária, outros 2,729 milhões de reais.
Na Presidência da República, o Programa de Gestão e
Manutenção da Presidência sofreu redução de 1,7 milhão de reais no Orçamento e
a as ações de comunicação e transmissão de atos e fatos do governo federal
perderam 774,988 mil reais. Já as políticas de Igualdade e Enfrentamento à
Violência Contra as Mulheres perderam 661,6 mil reais.
A Receita Federal informou que outras medidas
compensatórias serão necessárias para tapar o buraco, como a reoneração da
folha de pagamento de empresas, com impacto de 830 milhões de reais no ano,
além da equiparação da alíquota do IPI sobre concentrados de bebidas à do
produto de saída, que renderá 740 milhões de reais, e revogação do Regime
Especial da Indústria Química (Reiq), com outros 170 milhões de reais neste
ano.
Em relação à reoneração, o secretário da Receita Federal,
Jorge Rachid, esclareceu que a sanção pelo presidente Michel Temer do projeto
aprovado pelo Congresso Nacional trouxe o veto à manutenção do benefício para
alguns setores que haviam sido incluídos pelos parlamentares.
Com isso, permanecerão na desoneração os setores de
transporte de passageiros, construção civil, empresas de comunicação, call
center, calçados, industria têxtil, confecções, proteína animal, couro,
tecnologia da informação, transporte rodoviário de cargas, máquinas e
equipamentos e fabricação de veículos e de carrocerias, disse Rachid. (Veja)
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