“As comunidades mais carentes e em situação de risco não
tem muitas oportunidades ou atividades de lazer, e com essa proposta, nós
conseguimos trabalhar sua visão de pertencimento no mundo e transmitir
conhecimento”, diz Clécia Cabral, presidente da Coopefen - Cooperativa de
Ensino, Esporte e Arte de Feira Nova, que vem trabalhando a educação e o
desenvolvimento através da brincadeira. Como já dizia o poeta Carlos Drummond
de Andrade, "há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a
felicidade está numa caixa de bombons". E de concreto é nas experiências das
primeiras idades que construímos o ser humano que seremos na vida adulta e, com
isso, a iniciativa da entidade traz uma oportunidade para diversas crianças de
9 a 14 anos poderem praticar a infância e sair por alguns momentos de uma
existência dura, cheia de obrigações de adultos e com responsabilidades que são
mais pesadas do que os seus corpos podem aguentar.
Por isso, o projeto “Se essa rua fosse minha”, desenvolvido
pela Coopefen desde 2016, tem se destacado em bairros mais afastados de Feira
Nova, Agreste de Pernambuco, como São José da Cachoeira, Vila do Ouro e Vila do
Queijo. Promovendo atividades sócias educacionais através da brincadeira, a
cooperativa proporciona conscientização desses menores que residem nessas áreas
que são desassistidas de ações sociais que se foquem em um fator essencial no
cotidiano de qualquer criança: o lazer. “Todos os nossos cooperados participam
do projeto, que também busca envolver os pais nesse processo de transformação,
uma mudança que deve começar em casa com quem está lá do lado daquela criança.
Assim, poderemos ser mais participativos nesse processo de construção de uma
realidade melhor para a nossa sociedade”, destaca Cabral.
A participação e inclusão dos pais nesse envolvimento têm
sido ampliadas cada vez mais nos encontros, que são realizados em períodos
estratégicos de acordo com a situação das comunidades e da própria cooperativa.
Em 2016, por exemplo, foram realizados encontros de três em três meses reunindo
uma média de 150 crianças dessas comunidades. Ano passado, foram realizado dois
encontros com a mesma média de menores, nessas mesmas áreas. Com apoio da
Prefeitura, a Coopefen consegue espaço e material para a realização das
atividades realizadas com o apoio dos onze cooperados que estão envolvidos diretamente
nas ações da cooperativa, juntamente com os voluntários que defendem da
comunidade. “Todos precisam estar engajados. Todos precisam estar unidos. E
assim podemos realizar brincadeiras cooperativas que contribuem para melhoria
do relacionamento com as comunidades. Brincadeira é algo lúdico e o lúdico faz
com que as crianças se foquem mais e apreciem melhor o conteúdo como
sustentabilidade, cooperativismos e outros que são repassado nas ações
trabalhadas em rua”, enfatiza Clécia.
Uma série de ações que vão sendo propagadas nessas blitz
educacionais que pretendemos expandir para outras áreas como a Rua do Bode, na
Vela Vista onde mais crianças e seus pais podem ser beneficiados. O projeto
surgiu de uma ideia que já existia e atendia crianças de dois a dez anos,
quando receberam o convite da Cecope para ampliar essas ações. “Mostramos a
importância de temas importantes e de impacto social no dia a dia como a
sustentabilidade, para o público que no decorrer do processo vai descobrindo
cada vez mais a importância de tudo que está ao seu redor. Sabemos com isso que
causamos muitas transformações na vida dessas crianças e na sociedade em que
habitam, mudanças tão significativas que nem temos como mensurar”, completa
Clécia Cabral.
Por Ivelise Buarque
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