Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência, disse nesta
quarta-feira (12) em sabatina no jornal "O Globo", que em seu governo
o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, teria sido demitido por
sua fala pública sobre a instabilidade política no Brasil, e
"provavelmente pegaria uma cana".
Conforme matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo no domingo (9),
Villas Bôas afirmou que "a legitimidade do novo governo pode até ser
questionada" e que o ataque ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro, na
quinta-feira (6) "materializa" seu temor de que a intolerância e a
polarização na sociedade afetem a governabilidade.
"No meu governo, militar não fala em política. Se fosse no meu governo,
ele estaria demitido e provavelmente pagaria uma cana. Eu conheço bem o general
Villas Bôas. Ele está fazendo isso para tentar calar as vozes das cadelas no
cio que estão se animando, o lado fascista da sociedade brasileira",
afirmou.
"O general Mourão (vice de Bolsonaro) é um jumento de carga, que tem
entrada no Exército. Quem manda nesse País é nosso povo. Tutela, sargentão
dizendo que vai fazer isso e aquilo, comigo não acontecerá. Sob a ordem da
Constituição, eu mando e eles obedecem. Quero as Força Armadas poderosas,
modernas, altivas. Não quero envolvidas no enfrentamento do narcotráfico, isso
é papo de americano", disse o pedetista.
Ciro Gomes reafirmou na sabatina que é preciso revogar a Propostas de Emenda
Constitucional (PEC) do teto de gastos para que se possa investir na saúde e na
educação. Ele pontuou que "outros candidatos" querem entregar a saúde
pública à iniciativa privada, privilegiando ricos em detrimento de pobres.
"O Sistema Único de Saúde é uma ideia generosa, que temos que preservar.
Por mais que tenha ineficiência, o brasileiro tem que exigir que o Estado lhe
dê saúde em qualquer nível de complexidade. Outros candidatos gostariam muito
de entregar a saúde dos ricos ao setor privado, e o povo que continue se
ferrando".
Embraer-Boeing
O candidato do PDT voltou a condenar o acordo entre a Embraer e a
norte-americana Boeing, para a criação de uma empresa para tocar a viação
comercial da companhia brasileira. Ele considera o acerto
"clandestino", e disse que a reversão não seria uma quebra de
contrato. "Nem a pau, Juvenal", definiu.
Ao falar sobre a crise fiscal nos Estados, Ciro citou Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul e Minas Gerais e propôs um "redesenho do pacto
federativo", uma "grande negociação no atacado". "O centro
de gravidade da política brasileira não é Brasília, é a federação, Estados e
prefeitos".
O candidato do PDT criticou a desindustrialização do Brasil e defendeu a
proteção de setores da indústria. Citou o presidente dos Estados Unidos por seu
protecionismo contra importações. "Trump está errado e nós, brasileiros,
estamos certos?". Ele defendeu "desratização" do Brasil ao falar
das agências do governo aparelhadas politicamente. "As agências serão
passadas pelo pente fino. Quem não for salvável será fechada. Eu falo com o
Congresso". (Estadão Conteúdo)
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