O colunista político do UOL Josias de Souza considerou
desanimador o primeiro discurso de Jair Bolsonaro (PSL) como presidente eleito
do Brasil. "Eu diria que não foi um pronunciamento animador. Começa por
contestar a mídia, em vez de fazer uma entrevista coletiva, formal, reunir
jornalistas e tal, ele faz uma live pela Internet, quer dizer, parece que ainda
está em campanha. Em segundo lugar, presidente de um Estado laico, fala de
bíblia, de religião, no momento em que ele devia falar para toda a sociedade
brasileira e expor os seus planos. Terceiro lugar, não ouvi uma vez a palavra
pacificação, conciliação. Ao contrário, contra o socialismo, essa esquerda,
quer dizer, o mesmo discurso da campanha. Então, realmente parece que Jair
Bolsonaro não ganhou a eleição, ele continua em campanha. É inacreditável esse
discurso que a gente acabou de ouvir."
O também colunista político do UOL Leonardo Sakamoto, foi
bastante enfático na hora de analisar o discurso. " É inacreditável! Esse
discurso é uma tragédia! Neste momento em que ele tinha tudo para tentar
caminhar na direção de uma conciliação, de buscar um discurso, por mais difícil
que seja, por conta de tudo que ele falou até agora, mas de colocar acenos aqui
e ali, 'vou conversar com a oposição, vou conversar com a sociedade, peço para
que todo mundo, neste momento, desarme-se, por favor, respeite o seu colega,
respeite a decisão'."
Para o cientista político Cláudio Couto, Bolsonaro manteve
o tom de confrontação mesmo como presidente. "Continua o discurso bélico,
em todos os sentidos, e de uma guerra-santa, e é o mesmo discurso que ele fazia
antes. Aquela história de ?laranjeira não dá banana?, ficou claro aqui. Você
não pode esperar muito outro resultado de um político que construiu toda a sua
trajetória com base na confrontação."
O filósofo Vladimir Safatle também viu de maneira negativa
o discurso do presidente. "Catastrófico, como todo o mundo pensou. Eu
diria que, bem, esse é o sr. Jair Bolsonaro. Ele deixa muito claramente que não
haverá essa ideia de que ele vai moderar um pouco sua posição por estar
herdando um país completamente dividido, um nível de acirramento nunca antes
visto, uma eleição que deixa como saldo três mortos até agora por questões
políticas triviais, no sentido de não foi um atentado político, nada
parecido."
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