É certo que ninguém quer tratar de uma nova eleição quando
o processo da última acabou de fechar. Mas, apesar da resistência, não tem como
negar o que as urnas mostram ao fim de cada campanha eleitoral. Na verdade, o
eleitor ao depositar seu voto em um candidato dá a ele também confissões de
sonhar com voos mais altos. Em Pernambuco, alguns nomes conseguiram despontar
em números de votos para obter, digamos assim, o credenciamento antecipado de
seus respectivos partidos para concorrer à Prefeitura do Recife em 2020. A
escola, vale a pena ressaltar, dependerá da conjuntura política que será
desenhada a partir da definição da sucessão presidencial e os arranjos
partidários no âmbito local.
No cenário definido no primeiro turno no estado, o
engenheiro João Campos (PSB), 24 anos, um estreante em disputas eleitorais,
conquistou mais de 400 mil votos. Filho do ex-governador Eduardo Campos e
bisneto do ex-governador Miguel Arraes, ele evita falar de um futuro que não
esteja ligado ao mandato que irá exercer na Câmara a partir de 2019. João foi
eleito com o apoio majoritário do partido, mas não está sozinho na lista de
nomes cogitados para disputar o cargo de prefeito pelo PSB. O deputado federal
reeleito Felipe Carreras (PSB) alimenta o sonho de ser candidato, um sentimento
o parlamentar demonstra há algum tempo.
Durante a campanha, comentários de bastidores davam conta
que, devido o apoio irrestrito da cúpula do PSB a João Campos, o deputado teria
perdido bases ligadas ao prefeito Geraldo Julio, que, na eleição de 2014,
garantiram o bom desempenho do auxiliar (na época secretário municipal de
Turismo) no Recife, onde Carreras foi o mais votado entre os candidatos a
deputado federal. Mesmo sem contar com o suporte dos líderes socialistas, o
parlamentar teve uma votação bem próxima de João Campos na capital. Ele obteve
8,41 (67.244 votos), enquanto Campos teve 8,86% (70.864). Outro nome que pode
ser puxado pelo PSB para disputa municipal é a delegada Gleide ngelo,
eleita deputada estadual com uma votação surpreendente (412.636 votos). No caso
dela, a ideia é eleição em Jaboatão dos Guararapes ou Olinda, onde Gleide teve
um bom desempenho nas urnas.
No campo oposicionista, a vereadora Marília Arraes
(PT) conquistou o segundo lugar na disputa para deputado federal. Preferida na
campanha estadual, em razão do acordo entre PT e PSB em favor de Paulo Câmara
(PSB), a petista também aparece como um nome para concorrer à Prefeitura do
Recife. A indicação dela, no entanto, depende dos desdobramentos da aliança
PT/PSB. Se a parceria for mantida, Marília, provavelmente, terá que sair do
partido e procurar outra legenda que abrace seu projeto majoritário.
Procurada para falar sobre o assunto, a vereadora afirmou por meio de sua
assessoria, que não trataria de disputas futuras e, neste momento, seu objetivo
é de "encarar com responsabilidade o mandato para o qual fomos
eleitos".
O deputado federal Bruno Araújo (PSDB), candidato ao
Senado na chapa de Armando Monteiro (PTB), avaliou que, após o resultado das
eleições, seu partido precisa primeiro olhar internamente para "se
reencontrar e se reinventar". "Para nós, foi um grande impacto. O
eleitor reduziu o PSDB à metade", avaliou. Mesmo diante desse quadro, o
tucano afirmou que a legenda deve se preparar para projetos majoritários.
"Temos dois anos para cuidar disso", frisou.
Bruno ficou em quarto lugar na disputa pelo Senado e obteve
no Recife uma votação que poderá levá-lo à disputa de prefeito em 2020. Os
votos representam um ativo que, segundo o deputado, ficará guardado para ser
usado no futuro. (Diário de Pernambuco)
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