Páginas

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Declarações de Bolsonaro sobre política externa preocupam diplomatas


Resultado de imagem para Bolsonaro tirando onda

A declaração do presidente eleito Jair Bolsonaro de que pretende romper laços diplomáticos com países com governos de esquerda e de fechar a embaixada brasileira em Cuba foi recebida com preocupação entre os diplomatas. “Qual o negócio que podemos fazer com Cuba? Vamos falar de direitos humanos? Foi acertado há quatro anos, quando Dilma era presidente, que se alguém pedisse exílio – no Brasil, como os médicos cubanos – seria extraditado. Dá para manter relações diplomáticas com um país que trata os seus dessa maneira?”, afirmou nesta sexta (2) o presidente eleito em entrevista ao jornal Correio Braziliense e à televisão Rede Vida.

O ex-embaixador Rubens Ricupero classifica o fechamento da embaixada brasileira em Cuba como um retrocesso para os tempos de Guerra Fria. “É uma volta ao espírito da Guerra Fria que acabou há mais de 30 anos. A Guerra Fria terminou com a queda do Muro de Berlim e o fim do comunismo. Naquela época é que havia esse tipo de atitude. A política externa brasileira sempre teve como princípio a universalidade nas relações. Nós procuramos ter relações com todos os países, qualquer que seja a orientação de cada um. É um imperativo da convivência entre as nações”, afirmou o diplomata em entrevista à Agência Brasil.

O ex-embaixador Rubens Barbosa ressalta que o Brasil tem interesses comerciais com Cuba e defende que as relações diplomáticas sejam avaliadas com base no interesse brasileiro. “O Brasil tem uma tendência a ter relações com todos os países e, no caso de Cuba, nós temos interesses lá. Exportamos para Cuba e fazemos investimentos lá. Cuba tem uma dívida para com o Brasil, então a gente precisa colocar as relações do Brasil com Cuba e com todos os outros países dentro de um interesse maior do Brasil. Pegando o caso de Cuba, nós temos interesse em receber o dinheiro que o Brasil emprestou”, disse à Agência Brasil.

Barbosa acredita que, por ser um governo com posição clara de direita, haverá uma mudança de ênfase com relação à política externa. “Temos de esperar o governo assumir para ver a intensidade dessa mudança de ênfase na política externa. A gente tem que esperar para ver se há um interesse maior do Brasil. Não é uma questão ideológica, não é uma questão só política. Há também consequências econômicas e financeiras para o Brasil. Isso tudo vai ter que ser avaliado quando o governo tomar posse”, declarou. (Agência Brasil)

Nenhum comentário:

Postar um comentário