Um defensor da privatização convicto no comando da maior
estatal brasileira. Este é o cenário criado pela indicação do economista
Roberto Cunha Castello Branco para chefiar a Petrobras, confirmada nesta
segunda-feira (19) pela equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).
Castello Branco, que já defendeu publicamente a
privatização da estatal diversas vezes, vai compor a equipe de um governo que,
por outro lado, diz ser contra a venda da companhia.
O economista é amigo pessoal do futuro ministro da
Economia, Paulo Guedes, a quem Bolsonaro diz ter delegado as decisões relativas
à economia.
Doutor em Economia pela FGV (Fundação Getulio Vargas),
Castello Branco obteve pós-doutorado na Universidade de Chicago, onde Guedes
também estudou. A universidade é considerada um dos baluartes do pensamento
econômico liberal, marcado pela ênfase na redução do tamanho do Estado, o que
inclui a privatização de empresas estatais.
Foco na "privatização de grandes estatais"
O viés liberal de Castello Branco e sua defesa de uma
agenda de privatizações são notórios. Em novembro de 2017, por exemplo, o
economista defendeu a venda de grandes estatais, como Petrobras e Correios.
“A privatização [...] deve ter três prioridades: foco nas
grandes estatais, como Petrobras e Correios, em instituições financeiras e o
emprego de ofertas públicas de ações para a venda de empresas, em lugar de
leilões do controle acionário para grupos de investidores, modelo adotado nos
anos 90”, disse o economista em artigo publicado no jornal "Valor
Econômico".
Em artigo mais recente, publicado no jornal "Folha de
S. Paulo" durante a greve dos caminhoneiros deste ano, Castello Branco foi
ainda mais enfático. O título do texto era "É urgente a necessidade de se
privatizar não só a Petrobras, mas outras estatais".
“No caso do diesel, embora seguindo o mercado global, é o
comitê de uma única empresa, uma estatal dona de 99% do refino, quem anuncia os
preços. Essa é mais uma razão para privatizar a Petrobras”, afirma. (Uol)
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