Os governadores eleitos ou reeleitos neste pleito vão
iniciar o mandato em 2019 com um grande problema nas mãos: levar saneamento
básico a centenas de municípios deficitários, tendo que aumentar a tarifa de
água e esgoto. Isso ocorrerá caso o Congresso Nacional aprove a Medida
Provisória nº 844/2018, que altera o Marco Legal do Saneamento. A previsão é
que a MP seja colocada para votação nesta quarta-feira, 31, às 16h, na Comissão
Mista que elegeu apenas hoje o Presidente e Relator. Minutos depois de ser
eleito relator, o Senador Valdir Raupp - MDB/RO já tinha pronto o Relatório
aprovando quase na íntegra o texto original enviado pelo Governo Temer.
Sem permitir discussão e debate com a sociedade e com as
entidades que atuam no saneamento básico, próprio de uma casa legislativa, o
Governo tenta aprovar no mesmo estilo que usou, desde a época que o texto foi
apresentado à sociedade, pelo ex Ministro Bruno Araújo, que voltou a Comissão
para ajudar o Governo na aprovação.
Nesta terça-feira, 30, a Casa realizou duas sessões, uma às
15h e outra às 16h, para eleger o presidente e relator da Comissão Mista que
analisa a Medida Provisória, com a intenção de já colocar para votação amanhã.
Caso a MP seja aprovada, o setor de saneamento vai ser totalmente
desestruturado pelos próximos anos. O presidente da Associação Brasileira das Empresas
Estaduais de Saneamento (Aesbe), Roberto Tavares, participou das duas reuniões
desta terça-feira, mas não teve espaço para debater.
A Aesbe tem alertado desde novembro de 2017 que o artigo
10A da Medida Provisória 844 irá pulverizar a participação do setor privado no
saneamento. A entidade sempre reforça que a entrada do setor privado na
prestação de serviços de saneamento é bem-vinda, mas precisa ocorrer por meio
de parcerias que não ameacem a tarifa única. Da forma que está escrito o 10A,
sem levar em conta a economia de escala, fará com que o subsídio cruzado seja
ameaçado. Com isso, os municípios rentáveis vão ficar com as empresas privadas
e, como essas empresas não tem interesse pelos municípios deficitários, eles
acabarão com o as Companhias Estaduais de Saneamento, que, por sua vez,
perderão competitividade ao ter encerrados os contratos com os municípios
rentáveis. E isso afetará diretamente o preço das tarifas para os mais
necessitados.
Para o presidente da Aesbe, Roberto Tavares, os governadores
têm um papel importante neste processo, para impedir que a Medida Provisória
seja aprovada do jeito que está. “A retirada do artigo 10A deve ser solicitada
pelos governadores eleitos de todos os Estados do Brasil, pois ficarão com eles
as centenas de municípios que não terão atratividade para o mercado privado.
Eles não podem aceitar essa herança do presidente Michel Temer”, reforçou o
presidente.
A Medida Provisória nº 844/2018 foi assinada pelo
presidente Michael Temer, no dia 06 de julho, em pleno dia do Jogo da Seleção
Brasileira na Copa do Mundo, iniciativa que causou perplexidade aos operadores
do saneamento. Desde então, a Aesbe e todas as entidades do setor buscam
um diálogo com o Congresso Nacional para que a MP possa melhorar e permitir o
avanço do setor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário