Uma sucessão de abandonos e incertezas. Assim é
descrita por pesquisadores a realidade de milhares de mães de bebês que
nasceram com microcefalia e outras sequelas devido à infecção pelo Zika vírus.
Depois de três anos de o Ministério da Saúde declarar estado de emergência
nacional para a epidemia do zika, essas mulheres ainda enfrentam rotina
desgastante e solitária para cuidar dos filhos e buscar soluções para a doença.
Os dados mostram que a maioria das mães é pobre e negra,
com pouca ou nenhuma escolaridade. De acordo com os pesquisadores, as mulheres
afetadas pelo primeiro surto se sentem esquecidas pela mídia, academia e
pelo Poder Público. Segundo os especialistas, elas acompanham o crescimento dos
filhos sob expectativa e dúvidas.
A pergunta que permanece para essas mães é se serão curadas
as sequelas físicas e emocionais nos filhos que elas geraram e acompanham.
Relatos
Moradora de São Lourenço da Mata, área metropolitana do
Recife (PE), Ana Carla Bernardo, 26 anos, teve sua rotina alterada pela
epidemia há três anos. O nascimento de sua filha, Elizabeth, marcou o início de
uma nova fase, cheia de percalços e descobertas.
Diagnosticada com a síndrome, a criança nasceu com baixa
visão e passou por algumas crises convulsivas. Dedicada integralmente aos
cuidados da filha, Ana Carla disse que a única melhora que percebeu no
atendimento foi o acesso à fisioterapia, antes restrita a poucas crianças.
“Ela era muito molinha, ela está bem melhor agora, mais
esperta. Mas, ainda há muitas coisas pela frente. Ela ainda não anda, não fica
muito tempo sentadinha só. Já está no terceiro óculos, está melhorando,
evoluindo”, relatou Ana Carla Bernardo à Agência Brasil.
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