Estadão Conteúdo
Pelo menos 150 médicos cubanos desertores do programa
federal lutam na Justiça para poder clinicar no Brasil de forma independente,
fora do acordo entre Brasil e Cuba, ganhando salário integral. Esse grupo de
profissionais moveu ações contra o Ministério da Saúde, o governo cubano e a
Organização Panamericana de Saúde (Opas), segundo o advogado André de Santana
Corrêa, que defende os estrangeiros.
Ele diz que, com a decisão de Cuba de sair do Mais Médicos,
mais profissionais devem tentar permanecer no Brasil. "Desde ontem
(quarta-feira, 14), recebi muitas ligações de interessados em entrar com
processo para ficar no Brasil", afirmou.
De acordo com o advogado, o principal argumento usado é o
respeito ao princípio da isonomia. "Por que eles recebem um salário menor
que os outros estrangeiros se fazem exatamente o mesmo trabalho que os outros
médicos?", questionou o defensor.
Liminares favoráveis aos médicos
Do total de ações movidas por ele, cinco já tiveram
liminares favoráveis aos médicos. "O problema é que quando chega nas
instâncias superiores, indeferem porque sabem que causaria colapso econômico ao
governo ter que pagar o salário integral a todos os médicos", disse.
O cubano R. abandonou o programa em 2017 e foi um dos que
entraram na Justiça para tentar trabalhar como médico fora do acordo de
cooperação. "Não achava justo ficarmos apenas com 25% do salário. Além
disso, casei com uma brasileira e tive um filho queria continuar aqui",
disse ele, que hoje vive em um município da região Norte. Enquanto espera a
resposta judicial, sobrevive com a renda de um pequeno comércio que montou na
cidade com a esposa.
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