Estadão Conteúdo
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, saiu em defesa dos
médicos cubanos que participaram do programa Mais Médicos, no Brasil, encerrado
unilateralmente pelo governo do país caribenho nesta quarta-feira (14).
Sucessor de Raúl Castro, ele afirmou que os médicos prestaram um "valioso
serviço ao povo brasileiro" e que atitudes assim devem ser
"respeitadas e defendidas".
"Com dignidade, profunda sensibilidade,
profissionalismo, entrega e altruísmo, os colaboradores cubanos prestaram um
valioso serviço ao povo do Brasil. Atitudes com tal dimensão humana devem ser
respeitadas e defendidas", postou o mandatário do regime comunista na
ilha, em sua conta oficial no Twitter.
Antes da reação de Díaz-Canel, o presidente eleito Jair
Bolsonaro afirmou que não há comprovação de que os médicos cubanos que atuam no
Brasil "sejam realmente médicos" nem que estejam aptos para
"desempenhar a função". Segundo Bolsonaro, o programa é uma espécie
de "trabalho escravo para a ditadura". "É desumano você deixar
esses profissionais aqui (no Brasil), afastados de seus familiares. Tem muita
senhora aqui desempenhando a função de médico e seus filhos em Cuba. Em torno
de 70% do salário (dos médicos) é confiscado pela a ditadura cubana",
disse.
Mais cedo, o Ministério da Saúde Pública de Cuba anunciou o
rompimento da participação no programa. Havana atribuiu a decisão às
declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro, opositor do regime castrista.
Cuba afirmou que Bolsonaro fez referências "depreciativas
e ameaçadoras" à presença dos médicos cubanos no Brasil e "reiterou
que modificará os termos e condições do Mais Médicos", com desrespeito a
OPAS (Organização Pan-americana da Saúde) e ao convênio com Cuba, ao questionar
a preparação dos médicos cubanos e condicionar a permanência deles no programa
à realização do exame Revalida para contratação individual dos cubanos.
"As modificações anunciadas impõem condições
inaceitáveis e descumprem as garantias acordadas desde o início do programa,
que foram ratificadas em 2016 com a renegociação do termo de cooperação entre a
OPAS, o Ministério da Saúde do Brasil e o convênio de cooperação entre a OPAS e
o Ministério da Saúde Pública de Cuba", afirma o comunicado de Havana.
"Essas inadmissíveis condições tornam impossível manter os profissionais
cubanos no programa. Diante desta lamentável realidade, o Ministério da Saúde
Pública de Cuba tomou a decisão de não continuar participando do programa Mais
Médicos e comunicou a diretora da OPAS e os líderes políticos brasileiros que
fundaram e defenderam essa iniciativa."
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