Fotos: JC Imagem
Os atendimentos de pessoas vítimas de eventos com motos no
trânsito – que as pessoas insistem em chamar de acidentes de trânsito – tiveram
redução em Pernambuco. Números da Secretaria Estadual de Saúde (SES),
computados pelo Comitê Estadual de Prevenção aos Acidentes de Moto (Cepam), mostram
que a Região Metropolitana do Recife teve um grande destaque na estatística:
queda de 22% nas ocorrências registradas nas quatro principais emergências do
Grande Recife – os hospitais da Restauração, Getúlio Vargas, Otávio de Freitas
e Miguel Arraes, além das 11 UPAs da RMR. No Estado como um todo, a redução nos
atendimentos foi de 7%. Foi o que informou o Jc Online.
Os números foram apresentados pelo médico João Veiga,
coordenador do Cepam, em parceria com o programa Moto amiga, atualmente o
principal braço educativo do governo do Estado, já tendo treinado e educado
mais de cinco mil motociclistas somente este ano. Na prática, os números do
Cepam indicam que a RMR reduziu de 735 ocorrências registradas com motos em
2017 para 568 casos este ano. “Percebemos que os condutores de motos estão mais
conscientes e respeitando a legislação e o uso de equipamentos de segurança.
Essa mudança de perfil se reflete nas estatísticas. É algo parecido com o cinto
de segurança. No começo, as pessoas não usavam, mas foram vendo a importância
com o tempo”, destaca João Veiga.
Os números são ainda mais otimistas quando consideramos o
longo caminho que o Brasil ainda precisa percorrer para tentar se enquadrar na
redução de 50% no número de eventos e mortes no trânsito – meta ousada
estipulada pela ONU, em 2011, quando foi lançada a Década de Ação pela
Segurança Viária e das Vítimas de Lesões Causadas pelo Trânsito, que se encerra
em 2021. O Brasil, já é fato, não vai alcançar essa meta.
A crise econômica do País também ajudou na redução dos
atendimentos, já que menos pessoas têm e utilizam motocicletas no dia a dia. “E
nossa redução ainda não foi maior porque temos sofrido muito com os
mototaxistas. A grande maioria das vítimas de eventos com motos são
mototaxistas ou passageiros desse tipo de serviço, que embora não seja regulamentado
em muitas cidades, como o Recife, é encontrado facilmente em diversos bairros
da periferias. Isso é algo que precisa ser enfrentado”, diz João Veiga.
A regulamentação das motos de 50 cilindradas, mais
conhecidas como cinquentinhas, também influenciou, já que, segundo Veiga,
praticamente não se vê mais cinquentinhas circulando no Estado. A Operação Lei
Seca, apesar de ter o número de equipes congelado em nove desde que passou a
ser coordenada pela Secretaria Estadual de Saúde, também tem influência direta
na redução das ocorrências com motos. “As pessoas demonstram ter uma cultura
diferente e mais evoluída sobre o trânsito. Os motociclistas têm abandonado
mais o hábito de dirigir alcoolizado e estão mais atentos à segurança viária
como um todo”, defende o médico e coordenador de educação do Cepam, Hélio
Calábria. O ideal era que a Operação Lei Seca tivesse 23 equipes atuando no
Estado, sendo 11 fixas na RMR e o restante espalhadas pelo interior.
Para se ter ideia do prejuízo que são as colisões, quedas e
atropelamentos com motos, Pernambuco vai fechar 2018 tendo gasto R$ 500 milhões
com a estrutura para socorrer e cuidar das vítimas – Bombeiros, Samu e
Secretaria de Saúde. É mais do que foi gasto com vítimas de AVC, infarto e
câncer. Outro dado impressionante: 80% dos chamados ATTs (acidentes de
transporte terrestre) são com motocicletas e 20% são com os outros tipos de
veículos.
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