Blog do Josias
Presidentes da República em início de mandato costumam ser
picados pelo mosquito que transmite a febre da megalomania. Infectado, Jair
Bolsonaro frequenta a briga pelos comandos da Câmara e do Senado numa condição
inusitada. Ele pensa que dispõe de uma força de leão. Mas emite um som de gato
quando ruge.
No momento, os candidatos favoritos às presidências da
Câmara e do Senado são o deputado Rodrigo Maia e o senadsor Renan Calheiros.
Bolsonaro faz cara de nojo para ambos. Teria duas alternativas: construir
maioria capaz de impor outros nomes ou posar de equidistante. Preferiu fazer
uma opção pela trapalhada.
Nesta sexta-feira, Onyx Lorenzoni, futuro chefe da Casa
Civil de Bolsonaro, posou de leão numa reunião com o presidente do PRB, Marcos
Pereira, e o candidato do partido à presidência da Câmara, o deputado-pastor
João Campos. A chance de Campos prevalecer sobre Maia é inexistente. Fora do
escritório de transição, pouca gente leva o projeto do pastor a sério.
Após o encontro, propagou-se a tese segundo a qual o novo
governo condiciona seu apoio na disputa pelos comandos das Casas legislativas à
formação de uma base partidária que dê suporte legislativo a Bolsonaro. A
formulação exclui Rodrigo Maia, cuja candidatura atrai simpatias num raio que
vai do centrão ao PCdoB.
No início de dezembro, coube ao senador eleito Flávio
Bolsonaro encenar a pose de leão. "Não há a menor condição de apoiar Renan
Calheiros para a presidência do Senado", disse o filho mais velho do
presidente.
"Rodrigo Maia já teve seu tempo à frente da Câmara,
não conseguiu garantir o quórum suficiente para a votação da reforma da
Previdência. O novo momento do Brasil pede um presidente inédito" na
Câmara, acrescentou o primogênito.
Hoje, pendurado nas manchetes na companhia tóxica do
ex-assessor Fabrício 'Faço Dinheiro' Queiroz, o 'Zero Um' da dinastia dos leões
anda sumido. Mas outros operadores de Bolsonaro continuam soltando a franqueza
da coleira sem verificar se há viabilidade política por trás dos rugidos
cenográficos.
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