Pesquisa feita no Instituto Butantan demonstrou que uma
substância encontrada em plantas e frutas tem efeito protetor contra o veneno
da cobra jararaca.
A pesquisa, que foi realizada em 72 camundongos, mostrou
que a rutina, uma molécula comum em plantas e alimentos, foi capaz de
protegê-los de problemas de sangramento e de inflamação decorrentes do veneno
da serpente. O trabalho é de Marcelo Larami Santoro, Ana Teresa Azevedo
Sachetto e Jaqueline Gomes Rosa, produzido pelo Laboratório de Fisiopatologia do
Butantan, em São Paulo.
A rutina é um flavonoide que serve de pigmento a diversos
vegetais e frutas, tais como cerejas, framboesas e maçãs, dando a eles cores
vibrantes, com alto poder antioxidante e anti-inflamatório.
O efeito observado na pesquisa poderá ajudar no tratamento
das picadas de serpentes, principalmente nos considerados secundários, tal como
a formação de coágulos sanguíneos. "O envenenamento por picadas de
jararaca causa problemas de coagulação, que resultam do aumento da atividade do
fator tissular. A atividade do fator tissular é controlada pela enzima PDI e
sabemos que a rutina tem o poder de inibir a PDI. Pensamos que seria possível
usar a rutina para evitar a expressão do fator tissular nos casos de
envenenamento, reduzindo assim complicações secundárias como a coagulação
sanguínea", explicou Santoro.
O veneno da jararaca responde por cerca de 70% dos
acidentes com serpentes peçonhentas no estado paulista. "No envenenamento,
aumenta a atividade do fator tissular. No grupo de animais nos quais injetou-se
veneno e rutina, verificamos que a rutina reduziu o distúrbio da coagulação,
protegendo assim o organismo dos camundongos das ações de coagulação do
envenenamento”, disse Santoro. "No entanto, não sabemos qual foi o alvo da
rutina ou de que forma ela agiu no organismo dos animais para controlar o fator
tissular”, ressaltou.
De acordo com Santoro, novos estudos serão necessários para
compreender melhor a atividade da rutina. “A pesquisa sugere que a rutina
tem um grande potencial como uma droga auxiliar em conjunto com a terapia
antiveneno para tratar picada de cobra, particularmente em países onde a
disponibilidade de antiveneno é escassa”, disse. A informação é da Agência Brasil.
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