O diretor financeiro do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Thadeu de Freitas,
confirmou ao “Estadão/Broadcast” que o banco tem capacidade de devolver neste
ano R$ 100 bilhões ao Tesouro Nacional. A instituição tem ainda uma dívida
de R$ 260 bilhões para pagar ao Tesouro e tinha acertado um cronograma de
devolução que prevê uma parcela de R$ 26 bilhões em 2019.
Como antecipou o “Estadão/Broadcast” em dezembro, o
ministro da Economia, Paulo Guedes, queria a devolução dos R$ 100 bilhões
para reduzir mais rapidamente o estoque da dívida pública. Isso começou a ser
negociado pela equipe de Guedes ainda na transição com o novo presidente do
BNDES, Joaquim Levy, que tomou posse nessa segunda-feira (7).
A devolução maior está em linha com os planos de Guedes
para o banco. Em seu discurso de posse, o novo ministro da Economia disse que
mudará o papel dos bancos públicos, que devem focar mais nas pequenas empresas,
que não têm acesso a outros financiamentos. “O BNDES tem que se reinventar. Não
pode competir com os bancos privados emprestando giro para empresas que têm
como captar”, completou Freitas.
Segundo ele, a ideia é concentrar a atuação do banco no
longo prazo em infraestrutura e incentivos para as pequenas empresas. “O
tamanho (do banco) vai ser menor”, completou.
O montante final a ser devolvido em 2019 dependerá, em
última instância, da evolução dos desembolsos de empréstimos pelo banco de
fomento (leia mais abaixo). Técnicos do BNDES já tinham sinalizado que haveria
espaço maior para a devolução em 2019, de cerca de R$ 50 bilhões, o que
elevaria a devolução a R$ 76 bilhões.
Em 2018, as empresas pagaram antecipadamente R$ 25 bilhões
ao BNDES por seus financiamentos. Em 2019, a expectativa é de que, com um
cenário de queda de juros, o pré-pagamento poderia chegar a R$ 20 bilhões.
Aporte
O BNDES recebeu R$ 500 bilhões da União durante os governos
dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o que afetou
fortemente a dívida pública. Em 2015, Levy, então ministro da Fazenda, iniciou
a devolução dos empréstimos pelo BNDES à União. Até agora, o BNDES já devolveu
R$ 309 bilhões e, no ano passado, negociou um cronograma de devolução
antecipada do restante.
O Tesouro Nacional projeta que a dívida pública chegará a
81% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, cenário que seria pior sem a
devolução dos empréstimos. As devoluções já feitas pelo banco e as acertadas
com o BNDES para os próximos anos vão permitir uma redução de 9 pontos
porcentuais da dívida bruta até 2027.
Se houver um pagamento adicional no ano que vem, o
endividamento poderá cair mais rapidamente.
Fonte: Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário