Dois meses após Cuba romper o contrato com o Mais Médicos,
o Ministério da Saúde ainda não conseguiu recompor o quadro de profissionais do
programa. Após duas seleções, 1.462 mil postos de trabalho continuam vagos. As
vacâncias representam 17% das 8.517 postos existentes. O cronograma do governo
é terminar este processo em 15 dias. Se até o fim do mês houver vagas não
preenchidas, serão chamados estrangeiros formados no exterior, sem exigência da
execução do Revalida — o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos.
Uma das preocupações com a dificuldade em recrutar médicos,
é que 85% das vagas ociosas estão em áreas do Norte e do Nordeste. Até hoje,
842 postos de trabalho sequer receberam inscrições. A situação mais delicada é
em áreas indígenas de 10 estados, sendo o Amazonas e o Pará os mais
prejudicados.
A seleção para a recomposição do quadro do Mais Médicos foi
anunciada em novembro do ano passado, com o intuito de recrutar profissionais
brasileiros, com registro no país, para ocupar 8.517 vagas do programa. Dessas,
5.968 foram preenchidas. As 2.549 vagas restantes foram oferecidas a médicos
com diploma brasileiro, na segunda etapa de seleção, que terminou na semana
passada.
O mais recente balanço do Ministério da Saúde mostra que
1.087 médicos com registro no Brasil se apresentarem nas localidades escolhidas
após inscrição na 2ª chamada do programa. “A próxima chamada acontece nos dias
23 e 24 de janeiro, quando os brasileiros graduados no exterior terão chance de
selecionarem os municípios de alocação pelo site do programa. Já nos dias 30 e
31 de janeiro, os médicos estrangeiros terão acesso ao sistema para optarem
pelas localidades com vagas em aberto”, adiantou a pasta, em nota.
No Amazonas, por exemplo, levantamento do Conselho dos
Secretários Municipais de Saúde, mostra que 95% das vagas ainda não foram
ocupadas nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Foram oferecidas
92 vagas, e 87 médicos aderiram. Contudo, apenas quatro se apresentaram para
trabalhar. Em todo o estado, 58% dos médicos inscritos não foram aos postos de
trabalho — 131 ainda não se apresentaram e três desistiram.
Sérgio de Amorim Figueiredo, secretário de Saúde de Belém,
explicou os impactos das vacâncias. “Na capital paraense, por exemplo, não
tivemos impactos, porque somente três médicos atuavam. Mas, em alguns
municípios, ele representavam quase a totalidade do serviço prestado à
população. Sem eles, a situação fica muito delicada”, ponderou.
A seleção foi feita para substituir médicos cubanos, após a
ilha caribenha romper o convênio com o governo brasileiro, em 14 de novembro.
Cuba explicou que o rompimento foi decidido depois das críticas e exigências de
mudanças feitas pelo então presidente eleito, Jair Bolsonaro. Entre as
condições estava a de que os médicos passassem pelo exame de reconhecimento de
diplomas estrangeiros e o pagamento integral da bolsa de R$ 11 mil ao
profissional — pelo acordo, o governo cubano ficava com 70% do provimento.(Por: Correio Braziliense)
Nenhum comentário:
Postar um comentário