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Dez dias depois da posse de Jair Bolsonaro, a política externa do novo governo ainda é um mistério, mas com sinais preocupantes de que as mudanças que devem vir por aí podem mais atrapalhar do que ajudar as relações internacionais do Brasil, especialmente na área econômica.
Especialistas ouvidos pela Reuters são unânimes em afirmar
que, por enquanto, é difícil dizer a que veio o novo chanceler, Ernesto Araújo.
Seu discurso de posse --um momento em que o chefe das
Relações Exteriores costuma dar as diretrizes de como pretende trabalhar a
política externa-- apenas serviu para confirmar as ideias que Araújo havia
demonstrado em seu blog nos últimos meses, do antiglobalismo à defesa da
religião, em sinais avessos à tradicional diplomacia brasileira.
"Nos últimos 30, 40 anos havia uma outra visão de
mundo, há na região uma nova geopolítica e, além disso, a ascensão de Ernesto
Araújo quebrou a hierarquia tradicional do Itamaraty. Dentro desse quadro fica
muito difícil falar sobre o futuro da política externa porque ainda não estão
indicadas as diretrizes e as prioridades do Itamaraty", analisa do
embaixador Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington.
Os sinais dados até agora caminham para uma ruptura com
políticas tradicionais da diplomacia brasileira, como a clara opção pela
não-ingerência, o apego ao diálogo e ao multilateralismo e o não-alinhamento.
Barbosa cita o desconvite à Venezuela e Cuba para
participaram da pose de Bolsonaro e a decisão do Brasil de deixar o pacto
migratório como dois sinais preocupantes.
"Isso não atendeu às melhores tradições do Brasil e
nem resultou em nada favorável ao Brasil", avaliou. "A retirada do
pacto migratório também não altera nada, porque esse pacto não criava regras
para os países. Foi um gesto que causou apreensão no exterior sem nenhum ganho
para o Brasil."
O discurso de posse de Araújo foi recheado de críticas ao
próprio Itamaraty e à postura da diplomacia brasileira. (Terra.com)
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