Em contradição a algumas alegações de representantes do
governo, o vice-presidente chegou a declarar, recentemente, que o aborto deve
ser uma escolha pessoal da mulher e também defendeu a investigação e a punição
dos comprometidos no caso que envolve o senador Flávio Bolsonaro (PSL). Também
criticou o recuo do ministro da Justiça, Sérgio Moro, em relação ao convite à
cientista política Ilona Szabó para a pasta. Além disso, o general comentou a
decisão do ex-deputado Jean Wyllys de não assumir o terceiro mandato e se mudar
do país ao afirmar que a ameaça a um parlamentar é um crime à democracia.
“Quem ameaça parlamentar está cometendo um crime contra a
democracia. Nela, você tem sua opinião e a liberdade para expressá-la”,
declarou, pelo Twitter, em janeiro. As falas de Mourão mencionadas em
entrevistas e em outros momentos são exemplos que, se não agradam, ao menos
chamam a atenção dos opositores.
“Não me iludo com Mourão, afinal, é um personagem que
cultua personagens da ditadura militar, mas é preciso reconhecer que a presença
dele no governo impede que Bolsonaro e integrantes da equipe ministerial possam
cometer loucuras, como ações militarizadas na Venezuela”, disse o deputado
federal Paulo Teixeira (PT-SP). O discurso de Juliano Medeiros, presidente
nacional do PSol, é semelhante ao do deputado petista. “Historicamente, ele
representou posições muito conservadoras e não há nenhuma razão que nos levem a
considerá-lo como um potencial aliado. Não alimentamos nenhuma ilusão com o
Mourão”, afirmou.
O deputado federal Marcelo Freixo (PSol-RJ) acredita que
todo o governo fala muito e diz que é preciso cautela. “Diante das declarações
do vice-presidente, nós, como oposição, não podemos perder o foco sobre o que
interessa, que são as atitudes do governo que atingem a democracia”, reitera.
Outros parlamentares da esquerda defendem estrategicamente que Mourão, em
determinado momento, possa se tornar tão forte a ponto de substituir Bolsonaro.
“É uma guerra de guerrilha, não deixa de ser um cenário futuro, provocaria um
enfraquecimento da turma de Bolsonaro. Depois, o jogo recomeça em relação ao
desgaste do atual vice”, disse um deputado que preferiu não se identificar. Por: Correio
Braziliense
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