Durante uma volta pela capital chilena, na sexta-feira, o
presidente Jair Bolsonaro gerou demonstrações de apoio e curiosidade na zona
nobre de Santiago, enquanto três manifestações repudiaram a sua presença no
país. "Eu também tenho as minhas falhas", admitiu Bolsonaro.
Márcio Resende, enviado especial da RFI a Santiago
Em um passeio pelo centro comercial Alto Las Condes, área
de classe média alta de Santiago, o presidente brasileiro foi aplaudido e
requisitado para selfies por simpatizantes e curiosos. Enquanto isso,
militantes de esquerda e organizações sociais gritavam palavras de ordem contra
a presença de Bolsonaro no Chile. Os três protestos começaram
à tarde e só terminaram à noite, sob repressão policial.
No Centro de Santiago, nas imediações do Palácio La Moneda,
sede do governo chileno, organizações de familiares presos e mortos pela
ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), reivindicado por Bolsonaro,
protestaram contra a presença daquele que defende o regime militar e disse que
"o erro da ditadura foi apenas torturar e não matar".
Persona non grata
Um segundo protesto envolveu políticos de partidos de
esquerda que redigiram uma carta ao governo na qual pediram que o presidente
brasileiro seja declarado "persona non grata" no Chile.
"Bolsonaro é uma pessoa que incita o ódio e, para nós, isso é
preocupante", argumentou Estefany Peñaloza, porta-voz da Frente Ampla de
esquerda.
Uma terceira manifestação de militantes e simpatizantes de
esquerda levou cerca de duas mil pessoas também às imediações do Palácio La
Moneda. Palavras de ordem e cartazes contra Bolsonaro ecoaram até à noite. Os
manifestantes exibiam uma bandeira do Brasil com a cruz suástica e um
gigantesco boneco com a cara de Donald Trump tendo nas mãos um fantoche com a
cara de Bolsonaro, vestido como Hitler.
"Bolsonaro é um dos fantoches de Trump", definiu
Arturo Muñoz, 27 anos. Ao seu lado, Natasha Rodríguez, 24, concorda: "O
neoliberalismo e o fascismo estão ganhando terreno no continente americano. É
uma fórmula para nos dividir e Bolsonoro é a peça regional dos Estados
Unidos".
Mais adiante Pamela Ortiz, 41, grita: "Fuera Bolsonaro
do Chile e do Brasil". "A extrema direita está ganhando terreno
pela América Latina e isso significa menos direito para as mulheres. Bolsonaro
é um representante dos ultra conservadores", afirma. Já David Carrasco,
21, leva dois cartazes: "Fuera Bolsonaro" e "Justicia por
Marielle".
Quando alguns manifestantes tentaram bloquear o trânsito,
os rigorosos carabineros do Chile dispararam jatos d'água e bombas de gás
lacrimogêneo contra os manifestantes, que revidaram com pedras. Cinco pessoas
foram presas. (RFI/Msn.com)
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