Estadão Conteúdo – As críticas do presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), à articulação política do governo para a votação da
reforma da Previdência ganhou o apoio de líderes do Centrão, que já estavam
irritados com o Palácio do Planalto. Deputados disseram nessa quinta-feira (21)
que vão recusar a oferta de cargos nos Estados e preparam novas derrotas para o
Executivo semana que vem.
Nessa linha, o primeiro enfrentamento deve acontecer na
próxima terça-feira, durante sabatina do ministro da Economia, Paulo Guedes, na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Deputados do bloco
encabeçado por PP, PR, PTB e PRB avisaram a representantes do governo na Casa
que pretendem abandonar a sessão, abrindo espaço para a oposição sabatinar o
ministro responsável pela proposta da reforma da Previdência.
Parlamentares também buscam apoio para derrubar a isenção
de visto para americanos, anunciada nesta semana pelo presidente Jair Bolsonaro
durante viagem a Washington. A ideia ganhou força durante a semana e chegou a
ser levada a Maia. Ele, no entanto, pediu aos deputados para esperarem alguns
dias para que o clima pesado visto no Congresso pudesse diminuir, o que não
ocorreu.
A gota d’água, segundo parlamentares, foi a declaração de
Bolsonaro em uma live direto do Chile, em que atribuiu a prisão de Michel Temer
à “sintonia fina” que o ex-presidente mantinha com o Congresso.
O deputado Domingos Neto (PSD) resumiu a insatisfação ao
afirmar que o governo não pode ter uma atitude nas redes sociais e outra ao
sentar para conversar. “As negociações estão paralisadas. Enquanto o governo
não mudar a forma de articular, não há acordo”, afirmou.
Em um movimento orquestrado, coordenadores das bancadas
regionais comunicaram a suspensão das negociações por cargos no governo. As
conversas vinham se arrastando nas últimas duas semanas. “Toda a bancada está
pronta para ajudar o governo, mas o governo precisa se ajudar, porque está
muito bagunçado. Hoje, no Congresso, é preocupante a situação que está a
interlocução”, disse Neri Geller (PP-MT).
Reação
Articuladores políticos do governo tentavam atuar como
“bombeiros” na crise. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, buscou
deputados do PSL para organizar o discurso. Já a líder do governo no Congresso,
deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), tentou apaziguar o clima ruim entre Maia e
o governo. “Nós estamos em um ponto de reatar a relação”, disse ela, após se
encontrar com o presidente da Câmara. Joice e Onyx buscam agendar um encontro
entre Maia e Bolsonaro para este fim de semana.
Maia deixou claro a sua insatisfação com o comportamento
nas redes sociais de pessoas ligadas ao presidente. Entre elas, o filho Carlos
Bolsonaro e o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais,
Filipe Martins, que postaram declarações contra a “velha política”.
Até mesmo o filho mais velho do presidente, o senador
Flávio Bolsonaro (PSL-SP), entrou no circuito para apaziguar os ânimos. Pelo
Twitter, fez um aceno a Maia. “O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é
fundamental na articulação para aprovar a Nova Previdência e projetos de
combate ao crime. Assim como nós, está engajado em fazer o Brasil dar certo!”.
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