As chuvas dos últimos meses têm contribuído para uma melhor
vivência do homem do campo com o semiárido, mas sem elas o sertanejo ainda
continua sofrendo com a estiagem. Para enfrentar as dificuldades durante o
longo período de falta de chuva, o camponês tem procurado se beneficiarde
tecnologias e procedimentos apropriados ao contexto ambiental e climático,
construindo processos de vivência na diversidade. Neste sentido, em Carnaíba, a
394 quilômetros do Recife, as comunidades rurais têm buscado qualidade de vida
e permanência na terra, desenvolvendo e se favorecendo de políticas de
convivência com o semiárido. Foi o que publicou neste domingo o Diário de Pernambuco.
Na Associação dos Trabalhadores Rurais do Sítio Antonico,
no distrito de Ibitiranga, a 31 quilômetros da sede, os associados vivem do
plantio de milho, feijão, macaxeira e fava. O presidente da associação, José
Cordeiro Ramos, 48 anos, consegue escoar a produção para a vizinha Afogados da
Ingazeira, além de comercializá-la no mercado local. No ano passado, ele colheu
17 sacos de milho e nove de feijão. A expectativa de colheita este ano é maior
devido às recentes chuvas. “Vamos colher mais”, diz a agricultora Maria do
Socorro Silva Ramos, 44, mulher do presidente da associação. Juntos, se
beneficiam também do plantio de palma e cana de açúcar, e da criação de
galinhas e porcos. “O que não pode é a gente ficar em casa sem fazer nada. Na
roça, a gente vê resultado”, pontua Maria do Socorro.
A Associação José Saturnino da Silva, que abrange os sítios
Brejo, Barreiros, Brejinho, Quinta, Alegre e Cauíra, é uma referência na região
em termos de organização e desenvolvimento de projetos de convivência com o
semiárido. Um deles é uma pequena indústria de beneficiamento de polpa e de
fabricação de doces de frutas típicas, como o umbu. Calcada na agricultura
familiar, a produção chega ao mercado local e é direcionada também para a
merenda escolar de Carnaíba. A associação mantém um grupo de mulheres, que além
de tocarem a fábrica de polpa e doces, produz a biojoia, artesanato
confeccionado a partir de materiais vindos da natureza.
Em parceria com organizações não-governamentais como Diaconia e Sabiá, que atuam na regiáo, a associação consegue fazer com que o artesanato produzido esteja presente em feiras e eventos realizados no estado. A associação José Saturnino da Silva, que tem sua base no Sítio Barreiros, a 37 quilômetros do centro de Carnaíba, é ainda um exemplo de empreendedorismo, através da implantação de biodigestor, tecnologia usada no tratamento de fezes do gado, que gera o biogás, usado como combustível no cozimento de alimentos, e do bioágua, reuso da água de pias e banhos para irrigacão de plantas nativas e frutíferas da região.
A associação desenvolve também projeto de barramento do solo e reflorestamento da caatinga. É ainda referência na produção e manuseio de cisternas. A entidade existe desde 2002 e é presidida pelo agricultor Reginaldo Batista da Silva, 56. Constantemente recebe grupos de camponeses de várias regiões do país e de técnicos que querem conhecer o modelo de gestão da organização. Já os agricultores integrantes da Associação do Riacho do Peixe 2 estão mais voltados ao plantio de hortaliças, como é o caso de Adiezio Nicolau da Silva, 34, que tem destaque na plantação de coentro, abastecendo o mercado local.Barragem localizada entre o Leitão e Cabelo, no leito do Rio Pajeú, em Carnaíba, minimiza a estiagem.
Em parceria com organizações não-governamentais como Diaconia e Sabiá, que atuam na regiáo, a associação consegue fazer com que o artesanato produzido esteja presente em feiras e eventos realizados no estado. A associação José Saturnino da Silva, que tem sua base no Sítio Barreiros, a 37 quilômetros do centro de Carnaíba, é ainda um exemplo de empreendedorismo, através da implantação de biodigestor, tecnologia usada no tratamento de fezes do gado, que gera o biogás, usado como combustível no cozimento de alimentos, e do bioágua, reuso da água de pias e banhos para irrigacão de plantas nativas e frutíferas da região.
A associação desenvolve também projeto de barramento do solo e reflorestamento da caatinga. É ainda referência na produção e manuseio de cisternas. A entidade existe desde 2002 e é presidida pelo agricultor Reginaldo Batista da Silva, 56. Constantemente recebe grupos de camponeses de várias regiões do país e de técnicos que querem conhecer o modelo de gestão da organização. Já os agricultores integrantes da Associação do Riacho do Peixe 2 estão mais voltados ao plantio de hortaliças, como é o caso de Adiezio Nicolau da Silva, 34, que tem destaque na plantação de coentro, abastecendo o mercado local.Barragem localizada entre o Leitão e Cabelo, no leito do Rio Pajeú, em Carnaíba, minimiza a estiagem.
José Cordeiro e Maria do Socorro tiram da roça o sustento
diário As 54 associações de Carnaíba, no Sertão do Pajeú, integram o Conselho
Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condresca), fundado em 1998.
Noventa por cento estão distribuídas pela área rural, as demais estão
localizadas na zona urbana. O Conselho se reúne uma vez por mês com as
associações e parceiros, como a Secretaria de Agricultura de Carnaíba,
Prefeitura Municipal, Câmara de Vereadores e igrejas, entre outras
instituições. Por ser agente de desenvolvimento rural e líder comunitário, o
secretário de Agricultura, José Ivan Pereira, 43 anos, é o presidente do
Conselho.
“Nós procuramos ouvir as associações em suas reivindicações
e depois buscamos parceiros que possam nos ajudar a sanar o problema
apresentado por elas”, argumenta José Ivan. Em parceria com a Secretaria de
Agricultura, o Condresca dá assistência ao homem do campo no período de
estiagem com o fornecimento de carros-pipa e ainda desenvolve projeto de
cisternas com capacidade cada uma para 12 mil litros, visando melhorar o
abastecimento de água em todo o município.
O projeto objetiva também levar água encanada até as
residências da área rural que enfrentam dificuldade em ter o líquido direto na
torneira. O Conselho tem se mobilizado na distribuição de kits de irrigação que
deverão beneficiar cerca de 50 famílias envolvidas com a agricultura familiar,
como aconteceu nesta sexta-feira, e em parceria com a prefeitura mantém projeto
de perfuração de poços - atualmente 19 comunidades foram atendidas.
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