Uma reserva agroecológica com mais de 500 espécies de
plantas chama atenção de pesquisadores e de agricultores em Exu, no Sertão de
Pernambuco. Esta é uma iniciativa de Vilmar Luiz Lermen, um agricultor
agroflorestal paranaense, que com muito esforço, transformou dez hectares
cinzas, em uma área verde.
A serra dos Paus Dóias fica há quase 900 metros de
altitude. Antes do Vilmar chegar ao local com a família, a área estava
totalmente degradada. Muitos não acreditaram, que em meio à caatinga, pudesse
surgir um oásis totalmente agroecológico.
"Com muita experimentação, com muita observação, e
conversa com as pessoas. Você vai passando nos lugares, vai conversando como é
que as pessoas fazem para conviver, para sobreviver, que planta é essa, como
ela se dá, e a partir disso vai testando, vai experimentando para ver se aquela
informação de fato é válida para esse ambiente onde nós estamos, na chapada do
Araripe, há 880 metros de altitude, onde não tem água, a não ser a água da
chuva, não tem rios, não tem poços, inacessíveis para as condições da
agricultura familiar, e que esse processo entrou e foi sendo validado a partir
da experimentação. Fomos vendo que o vizinho fazia de um jeito, a gente fazia
de outro, naquilo que a gente errava e que alguém fazia melhor então, eu já via
como ele fazia e trazia para cá”, explicou.
Em toda a reserva, já são mais de 500 espécies de plantas,
das nativas, como a Palma e o Mandacarú, até as mais exóticas, como a
Gliricídia: uma leguminosa, encontrada normalmente nos países da América
Central.
O agricultor Vilmar tem mostrado que a convivência com o
semiárido é a prova de que se plantando, tudo dá. "Sim. vale aquela
primeira frase do Pero Vaz de Caminha quando chegou aqui no Brasil em 1500, né?
é possível sim. a gente precisa aprender a captar a energia do sol, através do
processo de fotossíntese, né? acumular carbono, acumular todos os nutrientes,
fazer a ciclagem, acumular água para que a gente possa usar no período de
estiagem, as sementes, guardar os alimentos, guardar forragem para os animais,
fazer essa socialização, essa partilha, em que não só se alimentamos nós, os
seres humanos, mas os animais, as plantas, os microorganismos que fazem a
caatinga ser o sistema altamente resiliente e que hoje tenha o potencial de
medicamentos, alimentar, muito grande. E que ainda é muito pouco pesquisado”,
esclareceu. (G1)
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