As três viagens oficiais internacionais feitas pelo
presidente Jair Bolsonaro entre março e este mês de abril reforçaram, na
avaliação do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), a ideia de que o
governo vem agindo frontalmente contra a tradição diplomática brasileira e
contra os interesses objetivos do Brasil e de seus setores produtivos.
Para Humberto, a visão de mundo de Bolsonaro é responsável
pela implantação de uma política externa hiperideologizada, baseada
fundamentalmente nos delírios metafísicos do astrólogo de Richmond, Olavo
de Carvalho, e nas fantasias medievais do chanceler pré-iluminista, Ernesto
Araújo.
Humberto acredita que o Brasil nunca esteve com a imagem em
um nível tão baixo, passa vergonha e voltou a uma anacrônica Guerra Fria e uma
total submissão aos Estados Unidos em nome de um feroz anticomunismo que
resulta em inteira perda de soberania.
“O quadro de ideologização intensa da nossa política
externa mostra total submissão do Brasil a Trump. Em nome disso, estamos
praticando retrocessos em tratados e acordos internacionais, como os de meio
ambiente e de migração, mudando unilateralmente política de concessão de vistos
em favor dos americanos e renunciando a tratamentos favoráveis ao Brasil em
foros internacionais, como a Organização Mundial de Comércio”, resumiu.
De acordo com o senador, o anúncio da transferência da Embaixada
do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, transformada em “Escritório Comercial”,
faz parte de todo esse equívoco e rompimento de tradição diplomática.
Significa, em seu entendimento, tomar lado numa disputa geopolítica sensível
que envolve todo o mundo e assumir apoiar interesses exclusivos do Estado de
Israel, em detrimento do povo palestino.
“Isso não convém aos interesses objetivos do Brasil. É como
o arcaico comprometimento público do governo Bolsonaro com ditaduras, que
agrava o quadro ideológico da política externa do Brasil. Aqui e lá fora. Aqui,
difunde-se oficialmente um vídeo favorável ao golpe de 64. Lá fora, Bolsonaro
faz elogios constrangedores a Pinochet e a Stroessner. Um desastre”, disparou.
O parlamentar fez questão de ressaltar que a atual situação
contrasta completamente com o tempo vivido nos governos de Lula e Dilma.
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