Estadão Conteúdo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula disse na última
sexta-feira (26), em entrevista aos jornais El País e Folha de S.Paulo, que o
Brasil "está desgovernado" e criticou a proposta da reforma da
Previdência do governo de Jair Bolsonaro que está em tramitação na Câmara.
"Ele Bolsonaro não sabe até agora o que fazer e quem dita regras é o
ministro da Economia Paulo Guedes. O homem de R$ 1 trilhão que o ministro
afirma que será economizado com a reforma da Previdência. A única coisa que o
povo sabe é do R$ 1 trilhão", disse.
Segundo ele, o governo tenta passar a impressão de que uma
vez feita a reforma da Previdência "acabou o problema do Brasil".
"Todo mundo vai ficar maravilhosamente bem. E eu acho que todo mundo vai
se lascar se for aprovada a Previdência tal como ele Guedes quer."
Crítica
Para Lula, o governo quer economizar R$ 1 trilhão fazendo a
reforma da Previdência "às custas dos aposentados". "Se eles
lessem alguma coisa, se eles conversassem, eles saberiam que esse cidadão aqui,
analfabeto, com um curso de torneiro mecânico, juntou R$ 370 bilhões e dólares
de reservas, que a R$ 4 o dólar dá mais de R$ 1,2 trilhão, sem causar nenhum
prejuízo a nenhum brasileiro. Então, se eles querem economizar R$ 1 trilhão tem
uma fórmula secreta: coloque o povo no orçamento da União. Gere emprego. Gere
crédito para as pessoas.", afirmou.
O ex-presidente do Brasil por dois mandatos disse que a
falta de emprego e a inadimplência impedem que o povo possa consumir, aquecendo
a economia. "Ah, o povo tá devendo? Tire todo o penduricalho da dívida do
povo e ele paga apenas o principal no banco e você vai perceber que as pessoas voltam
a comprar. Um país que não gera emprego, não gera salário, não gera consumo,
não gera renda, quer pegar do aposentado e do velhinho R$ 1 trilhão? O Guedes
precisava criar vergonha. Onde ele fez esse curso de economia dele?",
questiona.
Lula pôde conceder entrevista na sexta aos dois jornais
após o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, rever uma
decisão da corte e autorizar a entrevista, em uma sala preparada pela Polícia
Federal na sede do órgão em Curitiba, onde está preso desde abril do ano
passado.
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