Os dias 1º de maio passaram a adquirir uma melancolia
particular a partir de 1994. A cada ano, a data reaviva a lembrança da morte de
Ayrton Senna, considerado por pilotos, fãs e membros da crítica especializada
como um dos maiores gênios da história do automobilismo. Nesta quarta-feira, o
adeus ao brasileiro completa 25 anos. Ainda que não tenha conseguido superar o
número de títulos de Alain Prost (4) e Juan Manuel Fangio (5), Senna continua
sendo reverenciado, inclusive, por pilotos que também o ultrapassaram em
conquistas, a exemplo de Lewis Hamilton (5) e Sebastian Vettel (4) – o maior
campeão é Michael Schumacher, com sete títulos.
Mais que três vezes campeão mundial, para muitos, o que
tornava o brasileiro um ser quase mítico era a sua atitude na Fórmula 1 e
entrega ao volante. “Senna é um herói e continuará sendo para sempre. Eu não
conhecia bem a sua personalidade. Então, o que eu mais gostava era o que ele
representava, aquilo contra o que ele se opunha, e o que era capaz de fazer ao
volante”, declarou o britânico Lewis Hamilton, que é declaradamente um grande
fã de Ayrton Senna.
Diferente de Hamilton, o austríaco Gerhard Berger teve a
oportunidade de conhecer Senna como poucos. Companheiro de equipe do brasileiro
na McLaren, ele também se tornou um dos grandes amigos do tricampeão. Os dois
dividiram a escuderia durante três temporadas, de 1990 a 1992. “Era um piloto
excepcional, com um encanto particular”, observou.
Além das habilidades ao volante, a personalidade de Senna
também ajudou a perpetuar o seu legado, mesmo 25 anos após o seu falecimento.
“Era um bom ser humano, com princípios e valores. Ele foi realmente bom o tempo
todo que passou neste planeta. É duro encontrar um aspecto positivo no fato de
que sofreu um acidente e perdeu a vida, mas isso também quer dizer que não
assistimos ao seu declínio, comentou o ex-chefe de equipe da McLaren, Ron
Dennis.
Foi com a escuderia inglesa que Ayrton Senna conquistou os
três títulos mundiais e algumas das vitórias mais emblemáticas da carreira. O
primeiro foi obtido em 1988. A conquista veio de forma heroica no GP do Japão
daquele ano. Já em meio à grande rivalidade com o francês Alain Prost, o
brasileiro não conseguiu largar. De pole, caiu para a 17ª colocação. Antes
mesmo da primeira volta, no entanto, Senna conseguiu oito ultrapassagens e, na
28ª, deixou Prost para trás. Ele cruzou a linha de chegada com 13 segundos de
vantagem para o rival e assegurou o troféu daquela temporada.
Os títulos seguintes vieram em 1990 e 1991. Sobre a última
temporada, destaque para o GP Brasil, que foi o primeiro em que Senna
conquistou uma vitória em solo brasileiro. Além disso, o fim da prova teve
contornos dramáticos. Senna cruzou a linha de chegada em primeiro lugar após
conduzir praticamente sem marchas, fato que gerou um desgaste tão grande que
ele precisou ser amparado para sair do carro.
Senna assinou o sonhado contrato com a Williams em 1994.
Mas o desempenho com o carro não foi o esperado. O piloto ainda buscava o
acerto ideal quando sofreu o fatídico acidente que tirou a sua vida. No dia 1º
de maio de 1994, bateu contra o muro após perder o controle na curva Tamburello
do GP de Ímola (ITA). Tinha 34 anos. ( Luana Ponsoni/lponsoni@jc.com.br)
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