Berços da transposição, pontos de partida do projeto de
integração de bacias, Cabrobó e Floresta recebem nesta sexta-feira (17) a
Frente Parlamentar em Defesa do Rio São Francisco para discutir em audiência
pública as consequências do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG)
para o rio, com foco nos riscos aos usos múltiplos das suas águas. Os deputados
estaduais Lucas Ramos (PSB) e Fabrizio Ferraz (PHS), respectivamente
coordenador e vice-coordenador do colegiado, comandam a realização dos debates.
A primeira audiência será em Cabrobó, às 9h, na Câmara de
Vereadores. À tarde, Floresta receberá o debate a partir das 14h também na sede
do Poder Legislativo municipal. “Vamos apresentar o cenário de destruição que o
rompimento da barragem provocou em Brumadinho, levando a óbito 240 pessoas além
de outras 32 desaparecidas, matando também o Rio Paraopeba e que agora ameaça a
qualidade da água do São Francisco. A audiência pública é o momento de
mobilizar a sociedade, que precisa estar atenta ao assunto para construir
soluções e conter as ações que minimizem o impacto ambiental, além de evitar
que novos desastres aconteçam”, explicou Lucas Ramos.
O deputado ressaltou que o desastre em Minas Gerais pode
afetar a vida de milhões de brasileiros. “São 13,5 milhões de pessoas atendidas
pela transposição do Velho Chico e a chegada dos rejeitos minerais no seu leito
pode comprometer a agricultura, a pesca artesanal, o abastecimento, o turismo e
a geração de energia”, afirmou. Segundo análises de pesquisadores da Fundação
Joaquim Nabuco, o Rio São Francisco vem se contaminando desde o dia 12 de
março, data em que a lama de rejeitos alcançou a represa de Três Marias –
distante 330 Km da barragem destruída.
Para o vice-coordenador da Frente, deputado Fabrizio
Ferraz, levar o debate à população é fundamental para que seja feito um
diagnóstico real do impacto que pode vir a ser gerado na vida das pessoas com a
chegada dos rejeitos. “Precisamos ouvir a todos que, de alguma forma, dependem
do Rio São Francisco, seja social ou economicamente, para que possamos, junto
aos órgãos competentes, elaborar estratégias e buscar alternativas para impedir
a chegada dessa pluma, uma vez que rio é essencial para a nossa região”, disse.
O parlamentar defendeu ainda agilidade nas ações. “Já se passaram mais de 50
dias desde o desastre e agora precisamos correr contra o tempo. Todos os
esforços serão necessários para impedirmos a contaminação do rio São
Francisco”, finalizou Fabrizio Ferraz.
TRAGÉDIA - No dia 25 de janeiro a parede de
sustentação da barragem 1 do complexo Córrego do Feijão desmoronou, despejando
quase 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos minerais no leito do Rio
Paraopeba, um dos afluentes do Rio São Francisco. A lama cobriu prédios
administrativos da mineradora Vale, incluindo refeitório onde muitos
trabalhadores almoçavam na hora do rompimento. Uma usina de beneficiamento foi
atingida além de casas, uma pousada, propriedades rurais, plantações e áreas da
Mata Atlântica.
Felipe Salgado
Assessor de Imprensa
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