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quarta-feira, 15 de maio de 2019

Negociata com Bolsonaro por vaga no STF demonstra militância política de Moro, diz Humberto

 Foto: Roberto Stuckert Filho  

Um dia depois do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, vir a público falar sobre a indicação dele ao Supremo Tribunal Federal (STF), revelada por Bolsonaro no fim de semana, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), criticou a “negociação barata envolvendo um dos mais elevados cargos da República”. 

Para o senador, Moro deveria ser investigado pela sua conduta de negociar a liberdade de um indivíduo em troca de um cargo público; suas decisões contra Lula deveriam ser anuladas pelo Poder Judiciário; e, se ele tivesse o mínimo de discernimento, deveria juntar os cacos da dignidade que lhe restou e pediria demissão.

Em um discurso duro no plenário do Senado, Humberto disse que houve uma confirmação pública de tudo aquilo que o PT já denunciava: a de que Moro fez uma transação política para emprestar ao novo governo o prestígio público que amealhou como juiz da Lava Jato em troca de uma cadeira no STF.

“Um balcão de feira armado enquanto ele vestia uma toga, com a qual perseguiu adversários e criou as condições decisivas para interferir no resultado das eleições e assegurar a vitória de Bolsonaro. O próprio vice-presidente, Hamilton Mourão, já havia reconhecido que essas negociações se deram ainda no período eleitoral”, ressaltou. 

Para Humberto, o então juiz foi estimulado a agir mais ativamente em favor do futuro chefe, com a finalidade de lhe entregar o trabalho prometido. “Foi assim com a fantasiosa delação de Palocci, sem qualquer validade jurídica até hoje, e vazada criminosamente na campanha pela 13ª Vara Federal de Curitiba, com a finalidade exclusiva de prejudicar o PT. Um presente sob medida do juiz Moro em busca de se tornar o ministro Moro”, lembrou.

O parlamentar acredita que o ex-juiz está nu, pois ficou evidenciada sua deliberada militância política durante todo esse tempo em que destroçou a Constituição para perseguir e condenar injustamente – num conluio com parte do Ministério Público e da Polícia Federal – o presidente Lula.

“Agora, após tamanha humilhação imposta por Bolsonaro, ele deveria pedir demissão. Moro, faça um novo concurso e recomece. Tome um novo destino, quem sabe até o de exercer a sua vocação, que é o de ser político, criando o Partido da Lava Jato”, disparou.

De acordo com o senador, se alguém ainda tinha alguma dúvida da militância de Moro, a confissão de Bolsonaro jogou luz sobre o assunto e evidenciou que houve uma espécie de transação comercial, uma espúria promessa de compra e venda de uma cadeira do STF que fere de morte os processos presididos por Moro envolvendo Lula.

“A toga caiu. E o que restou não foi um super-herói. O que restou foi um Moro que posou durante anos como paladino da moralidade e acabou descoberto como alguém que abaixa a cabeça à espera da recompensa prometida”, detonou.

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