Foto: Roberto Stuckert Filho |
Um dia depois do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, vir a público falar sobre a indicação dele ao Supremo Tribunal Federal (STF), revelada por Bolsonaro no fim de semana, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), criticou a “negociação barata envolvendo um dos mais elevados cargos da República”.
Para o senador, Moro deveria ser investigado pela sua
conduta de negociar a liberdade de um indivíduo em troca de um cargo público; suas
decisões contra Lula deveriam ser anuladas pelo Poder Judiciário; e, se ele
tivesse o mínimo de discernimento, deveria juntar os cacos da dignidade que lhe
restou e pediria demissão.
Em um discurso duro no plenário do Senado, Humberto disse
que houve uma confirmação pública de tudo aquilo que o PT já denunciava: a de
que Moro fez uma transação política para emprestar ao novo governo o prestígio
público que amealhou como juiz da Lava Jato em troca de uma cadeira no STF.
“Um balcão de feira armado enquanto ele vestia uma toga,
com a qual perseguiu adversários e criou as condições decisivas para interferir
no resultado das eleições e assegurar a vitória de Bolsonaro. O próprio
vice-presidente, Hamilton Mourão, já havia reconhecido que essas negociações se
deram ainda no período eleitoral”, ressaltou.
Para Humberto, o então juiz foi estimulado a agir mais
ativamente em favor do futuro chefe, com a finalidade de lhe entregar o
trabalho prometido. “Foi assim com a fantasiosa delação de Palocci, sem
qualquer validade jurídica até hoje, e vazada criminosamente na campanha pela
13ª Vara Federal de Curitiba, com a finalidade exclusiva de prejudicar o PT. Um
presente sob medida do juiz Moro em busca de se tornar o ministro Moro”,
lembrou.
O parlamentar acredita que o ex-juiz está nu, pois ficou
evidenciada sua deliberada militância política durante todo esse tempo em que
destroçou a Constituição para perseguir e condenar injustamente – num conluio
com parte do Ministério Público e da Polícia Federal – o presidente Lula.
“Agora, após tamanha humilhação imposta por Bolsonaro, ele
deveria pedir demissão. Moro, faça um novo concurso e recomece. Tome um
novo destino, quem sabe até o de exercer a sua vocação, que é o de ser
político, criando o Partido da Lava Jato”, disparou.
De acordo com o senador, se alguém ainda tinha alguma
dúvida da militância de Moro, a confissão de Bolsonaro jogou luz sobre o
assunto e evidenciou que houve uma espécie de transação comercial, uma espúria
promessa de compra e venda de uma cadeira do STF que fere de morte os processos
presididos por Moro envolvendo Lula.
“A toga caiu. E o que restou não foi um super-herói. O que
restou foi um Moro que posou durante anos como paladino da moralidade e acabou
descoberto como alguém que abaixa a cabeça à espera da recompensa prometida”,
detonou.
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