Margarida Azevedo
As atividades da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
deverão parar a partir de outubro, caso permaneça o corte de 30% do seu
orçamento, bloqueados pelo Ministério da Educação (MEC). Na Federal Rural
(UFRPE), a previsão é interromper as aulas também em outubro ou novembro. Na
Federal do Vale do São Francisco (Univasf), a suspensão será ainda mais cedo,
provavelmente em setembro. Além de atingir um universo de cerca de 80 mil
pessoas entre alunos, professores e técnicos das três instituições, o contingenciamento
do governo federal, realizado semana passada, põe em risco o emprego de 2.400
brasileiros que prestam serviços terceirizados. Sem dinheiro, as universidades
terão que encerrar contratos de limpeza, segurança e manutenção, entre outros,
provocando a demissão desse pessoal.
Reitores das três instituições - Anísio Brasileiro (UFPE),
Maria José de Sena (UFRPE) e Julianeli Tolentino (Univasf) - se reuniram ontem
de manhã no câmpus da Rural do Recife, no bairro de Dois Irmãos, Zona Norte,
para definir estratégias para pressionar a União a reverter os cortes. Uma das
ações será uma grande mobilização no próximo dia 21 de maio. Sinais de
trânsito, mercados públicos, shoppings e outros espaços serão tomados pela
comunidade universitária, que vai explicar para a sociedade o prejuízo, para o
País, da medida tomada pelo MEC. Juntas, as três universidades tiveram cerca de
R$ 99,8 milhões bloqueados (R$ 55,8 milhões da UFPE, R$ 27 milhões da UFRPE e
R$ 17 milhões da Univasf).
“Não interessa se o nome é contingenciamento, bloqueio ou
reserva técnica. As universidades e institutos federais fizeram um planejamento
orçamentário para 12 meses. No final de abril fomos surpreendidos com menos 30%
das verbas aprovadas. Infelizmente teremos que cortar contratos. Isso vai
impactar no funcionamento das instituições”, ressaltou Maria José de Sena. Na
Rural, segundo ela, a previsão era receber R$ 90 milhões. São 700 terceirizados
atuando na universidade. Pelas projeções da reitora, o dinheiro só dará para
pagar contas até no máximo o mês de outubro.
“A situação é dramática. Todas as nossas atividades
acadêmicas ficarão comprometidas. Esse corte inviabiliza a UFPE já em
setembro”, disse Anísio Brasileiro. O pró-reitor de Planejamento, Orçamento e
Finanças (Proplan), Thiago Galvão, estima que terá como arcar com 70% das
despesas do mês citado pelo reitor. A universidade tem aproximadamente 1.500
prestadores de serviço.
“Teremos que fazer ajustes. É muito preocupante. Haverá
demissões de servidores terceirizados. São 200 na Univasf. Além da redução de
bolsas para os estudantes e diminuição de refeições nos restaurantes
universitários, entre outras ações. Graduação, pós-graduação, pesquisa e
extensão serão afetadas. A previsão é de descontinuidade, possivelmente a
partir de setembro”, informou Julianeli Tolentino. JC Online.
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