Um leilão marcado para ocorrer na terça-feira, em um
edifício próximo à Avenida Paulista, em São Paulo, colocará fim a mais uma
companhia aérea brasileira. A Avianca Brasil será a 11.ª empresa do setor a
encerrar as operações desde 2001 no País, que tem taxa de mortalidade de uma
empresa a cada dois anos.
Os casos de falência ou de recuperação judicial na aviação
não são exclusividade do Brasil. Neste ano, outras nove empresas aéreas
endividadas deixaram de voar no mundo, desde pequenas, como a sul-coreana
AirPhilip, até companhias mais relevantes, como a Jet Airways, que chegou a ser
uma das maiores da Índia. Nos EUA, American Airlines, Delta e United já tiveram
de recorrer ao Chapter 11, o equivalente à recuperação judicial brasileira, mas
acabaram sobrevivendo.
Margens baixas, necessidade de injeções volumosas de
capital, contratos de longo prazo com arrendadoras de aeronaves e
vulnerabilidade ao preço do combustível - e ao dólar, no caso brasileiro -
estão entre os fatores que explicam a elevada taxa de mortalidade.
"É uma indústria muito difícil no mundo todo",
diz Jerome Cadier, presidente da Latam no Brasil. "Temos incerteza de
curto prazo em relação à demanda e necessidade de tomar decisões de longo
prazo, como o tamanho da frota. São decisões caras e difíceis de tomar."
Foram basicamente duas dessas decisões que tornaram a
situação da Avianca insustentável nos últimos anos, segundo analistas. Uma
delas foi a de não enxugar a frota em 2015 e 2016, período mais delicado da
aviação brasileira desde os anos 2000. Foram nesses anos que a crise econômica
derrubou a demanda por transporte aéreo e os custos foram pressionados pela
alta do dólar e do petróleo.
Nessa época, muitos apostaram que a Gol seria a primeira a
sucumbir - dado seu nível de endividamento -, mas uma renegociação com
credores, aliada a um plano de devolução de aeronaves, garantiu a virada do
jogo. Latam e Azul fizeram movimentos semelhantes em suas frotas e contaram
ainda com novos recursos - a primeira vendeu uma participação para a Qatar e a
segunda abriu capital. A Avianca, porém, não recuou no número de aeronaves, em
uma tentativa de ganhar participação de mercado. ( Estadão Conteúdo)
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