O jornal Le Monde que chegou às bancas na tarde dessa
quinta-feira (27) traz uma reportagem de meia página sobre o Brasil. O artigo
alerta, com preocupação, para o possível impacto na saúde da população com a
liberação de mais de 200 agrotóxicos pelo governo brasileiro, desde janeiro.
O texto, assinado pela correspondente do Le Monde no Brasil
Claire Gatinois, começa relatando a decisão de Johannes Cullberg, dono de uma
rede de supermercados na Suécia, que boicotou os produtos brasileiros em razão
da presença de agrotóxicos. A jornalista diz que o episódio pode parecer
insignificante, afinal o sueco dirige apenas quatro supermercados. No entanto,
a história, que viralizou nas redes sociais após a criação do
#boycottbralizianfood, irritou muito em Brasília, explica a matéria.
A ministra brasileira Tereza Cristina acusa o sueco de
difamação, relata Le Monde. A representante do governo teria alegado que se os
alimentos brasileiros estivessem realmente impregnados de substâncias nocivas
para a saúde, o Brasil não exportaria tantos produtos com sucesso para 160
países.
No entanto, ressalta o texto, a ministra "esquece de
mencionar que um carregamento de soja brasileira já foi bloqueado em fevereiro
na fronteira da Rússia por ter ultrapassado os limites autorizados de resíduos
de glifosato", controverso herbicida acusado várias vezes de provocar câncer.
A reportagem do vespertino também lembra que a ministra
brasileira não tem boa reputação, e chegou a ser apelidada de "musa do
veneno", em referência ao polêmico texto que apoia a aceleração das
autorizações para o uso de agrotóxicos, defendido por Tereza Cristina.
Apesar de ser contestado por defensores do meio ambiente, o
projeto ganha força, principalmente "com a chegada ao poder no Brasil de
uma extrema direita que vê o aquecimento do planeta como um complô
marxista", frisa Le Monde, em alusão à incredulidade do governo Bolsonaro
diante dos alertas ligados às mudanças climáticas. (NotíciasUOL)
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