Com mais de 35 mil casos de pessoas que adoeceram
apresentando sintomas de dengue, chicungunha e zika este ano e 53 óbitos
suspeitos por alguma dessas três arboviroses, Pernambuco reproduz um cenário
semelhante ao de 2015, quando chicungunha e zika começaram a circular no
Estado. “Percebemos que o aumento de casos, iniciado em janeiro, permanece este
mês, o que não era mais esperado. Historicamente, a queda das notificações
ocorre em maio, mas isso não aconteceu”, destacou a gerente do Programa
Estadual de Controle das Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES),
Claudenice Pontes.
Ela frisa que a situação é muito parecida com a de 2015,
quando houve a tríplice epidemia (vírus das três arboviroses circulando
intensamente). “Naquele ano, as condições ambientais eram de chuvas seguidas de
sol forte, como acontece atualmente. Em consequência, temos mais mosquitos e
maior transmissão (dos vírus)”, acrescentou Claudenice Pontes, ontem, na Escola
Estadual Professor Motta e Albuquerque, na Tamarineira, Zona Norte do Recife,
durante distribuição do gibi da Turma da Mônica sobre o combate ao Aedes
aegypti.
Hoje 62 (34%) dos 184 municípios pernambucanos apresentam
alta incidência de arboviroses. Todos têm registro de dengue este ano. A
situação também é preocupante para chicungunha e zika, que já se apresentaram
em 125 e 110 cidades, respectivamente. As notificações de óbitos também
ultrapassam as do mesmo período do ano passado. São 53 mortes – quatro a mais
que em 2018.
“Notamos aumento das ocorrências no Sertão, além do
adoecimento de crianças e adolescentes”, afirma o diretor-geral de Vigilância
de Doenças Transmissíveis da SES, George Dimech. A curva crescente de casos, na
faixa etária infantojuvenil, é o que leva as Secretarias Estaduais de Saúde e
Educação a distribuírem gibis da Turma da Mônica entre os alunos das mais de
mil unidades de ensino. Quando se analisa a incidência de casos prováveis na
população do Estado, estimada por 100 mil habitantes, a maior incidência para
dengue, chicungunha e zika está nas crianças até 9 anos.
“Com a revista da Turma da Mônica, queremos mobilizar os
estudantes para que atuem em suas casas e em seus bairros como atores
essenciais no controle do Aedes. Os jovens podem e devem ser voz indispensável
para propagar informações, principalmente neste momento”, destaca o secretário
André Longo.
A identificação este mês da circulação do sorotipo 2 da
dengue (DEN-2) também coloca em alerta autoridades de saúde e pesquisadores,
pois é um subtipo não detectado no ano passado no Estado e tem se espalhado
pelo Brasil. “Analisamos também amostras de pacientes de Alagoas, Rio Grande do
Norte, Sergipe e Paraíba. O tipo 2 da dengue apareceu em testes nos quatro
Estados. Isso requer monitoramento porque há mais pessoas susceptíveis à
infecção pelo tipo 2”, alerta o pesquisador da Fiocruz Pernambuco Rafael
França. (BlogsNE10)
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