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OSAKA, JAPÃO (FOLHAPRESS) - O vaivém do encontro de Jair Bolsonaro com o presidente da França, Emmanuel Macron, nesta sexta-feira (28) expôs diferentes versões de ambos os governos sobre a reunião.
As comitivas dos dois países vinham combinando uma
conversa, mas, enquanto os brasileiros anunciaram uma bilateral com Macron (tipo
de reunião que tem um caráter mais formal), os franceses desejavam um diálogo
com Bolsonaro em tom de informalidade.
A assessoria do brasileiro divulgou, na quarta-feira (26),
o encontro à imprensa e abriu espaço para o credenciamento de jornalistas. Às
11h desta sexta (horário local), pouco mais de três horas antes da reunião
anunciada por Bolsonaro, no entanto, a Presidência informou o cancelamento.
Integrantes da comitiva de Macron disseram à reportagem que
nunca houve uma agenda formal com Bolsonaro. E que Macron queria dar ar de
"informalidade" à conversa. Repórteres franceses relataram nunca
terem sido avisados pelo governo europeu sobre o compromisso.
As explicações sobre as mudanças dos planos são divergentes
nas duas comitivas.
O porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros,
disse que o compromisso foi discutido desde o início entre as duas
chancelarias.
Segundo ele, Macron pediu que a agenda fosse antecipada
para as 23h de quinta-feira (27, 11h no horário de Brasília), o que Bolsonaro recusou,
pois, de acordo com o porta-voz, o presidente brasileiro havia desembarcado
naquela tarde em Osaka, no Japão.
Os dois ficaram então de encontrar espaço de última hora na
sexta, como ocorreu.
Segundo Rêgo Barros, na conversa que durou de 15 a 30
minutos, os líderes discutiram questões climáticas, a fronteira entre Brasil e
Guiana, comércio internacional e acordo entre União Europeia e Mercosul.
O porta-voz afirmou que Bolsonaro convidou o presidente
francês para visitar a região amazônica no Brasil e que reafirmou seu
compromisso com o Acordo de Paris, que trata de questões climáticas.
O vaivém na agenda ocorre em meio a críticas de líderes
europeus à política ambiental brasileira. Macron disse em entrevista que não
assinaria acordos comerciais com o Brasil caso o país deixasse o Acordo de
Paris.
A polêmica em torno do pacto ambiental ocorre porque
Bolsonaro, durante a campanha presidencial, cogitou sair do acordo, o que
provocou grande repercussão.
Dois dias antes do segundo turno da eleição, porém, afirmou
que, se fosse eleito presidente, manteria o Brasil no Acordo de Paris, desde
que a soberania plena da Amazônia fosse preservada.
Em janeiro, na plenária do Fórum Econômico Mundial, em
Davos, em outro aceno na mesma direção, Bolsonaro disse que o país pretende
estar sintonizado com o mundo na busca da diminuição de CO2 e na preservação
ambiental.
Na última quarta-feira (26), a chanceler alemã, Angela
Merkel, afirmou na véspera do embarque para o G20 que estava preocupada com a
situação do desmatamento na Amazônia.
A mandatária alemã e Bolsonaro se reuniram na tarde desta
sexta em Osaka (horário no local) em encontro que não estava previsto nas
agendas.
Além de Macron e Merkel, Bolsonaro se reuniu na sexta com o
presidente americano Donald Trump e, no sábado, tem bilaterais previstas com
outros cinco líderes: Xi Jinping (China), Shinzo Abe (Japão), Lee Hsien-Loong
(Singapura), Narendra Modi (Índia) e Mohammed bin Salman (Arábia Saudita). ( Folhapress/Bemparana)
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