Desde que o presidente Jair Bolsonaro tomou posse, há cinco
meses, pesquisas mediram aumento em sua taxa de desaprovação. O mais recente
levantamento do instituto Ideia Big Data mostra que o desembarque do
bolsonarismo tem sido mais significativo em parte expressiva do eleitorado que
votou no então candidato do PSL apenas no segundo turno da eleição presidencial
de 2018. Essa parcela de eleitores, em tese, aderiu a Bolsonaro com o objetivo
de evitar a volta do PT ao governo federal.
A desaprovação da atual administração tem como eixo central
a persistência da crise econômica e do desemprego em níveis elevados.
Segundo a pesquisa da Ideia Big Data, a maior parte dos
eleitores que optaram por Bolsonaro e hoje rejeita o governo é formada por
mulheres com idade entre 25 e 40 anos, integrantes das classes B e C, não
evangélicas e que vivem em cidades com mais de 200 mil habitantes nas regiões
Norte e Nordeste.
Eles votaram no presidente apenas no segundo turno e
representam cerca de 10 pontos porcentuais dos 18 que Bolsonaro perdeu desde a
posse, conforme a série mensal de pesquisas do Ideia Big Data.
Um dos argumentos apresentados para o recuo no apoio a
Bolsonaro é o desconhecimento das propostas do então candidato durante a
campanha eleitoral, segundo o economista e pesquisador Maurício Moura, fundador
do instituto.De acordo com Moura, a este argumento se somam outros fatores: os
ruídos provocados por integrantes do governo nas redes sociais e a ausência de
medidas para gerar empregos e combater a crise econômica.
Moradora da Lomba do Pinheiro, bairro periférico de Porto
Alegre, a empreendedora Elaine Lima, de 36 anos, votou no 17 (o número do PSL)
de Bolsonaro em busca de mais segurança. Mas se diz agora decepcionada. "O
que me atraiu, principalmente, foi o discurso do Bolsonaro de combate à
violência. Ele parecia ser porreta naquilo que falava. Aqui na região a
criminalidade tomou conta, é um bangue-bangue diário. Eu tenho medo de andar
nas ruas e acreditei nele durante as eleições. Mas o Bolsonaro assumiu como
presidente e a gente não vê nada. Eu já perdi as esperanças. Não vejo um bom
futuro para nós", afirmou.
Para Moura, essa camada da população, que ele chama de
"classe média-média", é "mais sensível às questões
econômicas". "Muito do apoio que Bolsonaro teve no segundo turno foi
mais por rejeição ao PT do que por identificação com a plataforma dele.
Bolsonaro não expôs de maneira plena suas plataformas durante a campanha e
muitos estão conhecendo só agora as propostas do presidente para diversas
áreas."
O pesquisador reiterou que muitos eleitores votaram em
Bolsonaro sem conhecer bem as ideias do presidente. "Isso dá um apoio
muito frágil." Um exemplo disso é o decreto que facilita o acesso a armas
de fogo. Nos últimos dias, Bolsonaro passou a reforçar a ideia de que, no
Planalto, não vai abandonar as promessas de campanha. A informação é do Diário de Pernambuco.
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