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sábado, 22 de junho de 2019

Líder: obter 308 votos para Previdência 'é difícil construção cirúrgica'


"Não adianta o Paulo Guedes fazer beicinho. O que adianta é aprovar uma reforma realista, mesmo que mais modesta", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) durante entrevista no dia 11, em seu gabinete de líder da Maioria na Câmara Federal.

"A reforma da Previdência que pode ser aprovada não será a do governo", afirmou. "Será uma outra, que estamos construindo, com um impacto fiscal, em dez anos, entre R$ 600 milhões e R$ 800 milhões." Conseguir 308 votos "é uma difícil construção cirúrgica", avaliou. "O governo não ajuda muito, porque o presidente Bolsonaro tem boa intenção, mas não tem projeto e não tem foco."

Ribeiro disse, ainda, que "a aprovação da reforma da Previdência não será a salvação da lavoura, como o governo está anunciando". Sobre o "beicinho" do ministro da Economia, arrematou: "Se o Paulo Guedes quiser sair não tem problema, o presidente mesmo já disse que a porta está aberta".

Um dos expoentes do chamado Centrão - que prefere chamar de "Centro" para driblar "o sentido pejorativo" -, Ribeiro, de 50 anos, é ministro de louvor da Igreja Batista do Lago Norte, área nobre de Brasília, onde mora numa casa de 400 metros quadrados, R$ 13 mil mensais de aluguel, com a mulher e as duas filhas (Gabriela, de 10 anos, e Luiza, de 8). É um pai chato? "Eu procuro ensinar desde cedo o caminho que elas têm que andar, para que mais tarde não se desviem", respondeu, biblicamente.

Despacha, como líder, em um apertado gabinete de duas salas no corredor contíguo ao bunker do mandachuva-e/ou-trovoadas Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Quando Maia o chama - o que acontece com frequência, quase que diariamente - Ribeiro não está para mais ninguém. É dessas conversas e conchavos, com ele e com os demais líderes mais influentes da Casa, que saem as nuances e o ritmo com que as reformas caminham, patinam ou empacam.

Um bom exemplo, que Ribeiro pede à assessoria para trazer, é uma nota oficial de 26 de março, subscrita por 16 líderes partidários. Ela diz, assertivamente, balizando a proposta de Paulo Guedes, que "qualquer reforma previdenciária deve ter como princípios maiores a proteção aos mais pobres e mais vulneráveis", e que, por isso, resolveram "retirar do texto a parte que trata de forma igual os desiguais e penaliza quem mais precisa". Decidiram ainda, informa a mesma nota, que "não permitirão a desconstitucionalização generalizada do sistema previdenciário do País" - como entenderam que o projeto do governo propõe. "É um equívoco atrelar a proposta à economia de R$ 1 trilhão", disse Ribeiro. "É um discurso no deserto. Não aterroriza ninguém, não sensibiliza ninguém." (Estadão Conteúdo) 

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