O Vaticano divulgou nesta segunda-feira (17) o documento
preparatório para o Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, que acontecerá de 6 a
27 de outubro e discutirá a evangelização de povos nativos e a preservação da
floresta.
O relatório abre a possibilidade de laicos casados se
tornarem padres, mas apenas sob determinadas condições. A ideia já era
discutida desde o ano passado, após a convocação da assembleia episcopal pelo
papa Francisco.
"Afirmando que o celibato é um presente para a Igreja,
se pede que, nas zonas mais remotas da região, se estude a possibilidade de
ordenação sacerdotal de idosos, preferivelmente indígenas, respeitados e
aceitos por sua comunidade, ainda que já tenham uma família constituída e
estável", diz o documento.
A ideia seria estender o sacerdócio aos chamados "viri
probati", homens casados, de fé comprovada e capazes de administrar
espiritualmente uma comunidade de fiéis. O objetivo seria aumentar o número
cada vez menor de padres na Amazônia.
O documento ressalta que as comunidades amazônicas
enfrentam dificuldade para celebrar a Eucaristia por falta de sacerdotes.
"Por isso, ao invés de deixar as comunidades sem
Eucaristia, devem ser mudados os critérios de seleção e preparação de ministros
autorizados a celebrá-la", diz o Vaticano.
O relatório ainda evidencia a "contribuição
decisiva" de homens e mulheres nativos para "dar impulso a uma
autêntica evangelização do ponto de vista indígena, segundo seus hábitos e
costumes". "Trata-se de indígenas que pregam a indígenas com um
profundo conhecimento de sua cultura e seu idioma, capazes de comunicar a mensagem
do Evangelho com a força e a eficácia de sua bagagem cultural", acrescenta
o documento.
Além disso, o Vaticano pede aos bispos que discutam formas
de garantir espaços de "liderança" às mulheres, especialmente na área
de formação. Entre outras coisas, o relatório sugere que seja
"identificado o tipo de ministério oficial que possa ser conferido às
mulheres, tendo em conta o papel central que elas desenvolvem na Igreja
amazônica", diz o texto.
O documento também cita o "alarmante" número de
"mártires" na Amazônia, especificamente no caso do Brasil, com 1.119
índios assassinados entre 2003 e 2017, segundo dados do relatório
"Violência contra os Povos Indígenas".
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto
Heleno, já admitiu que o Sínodo sobre a Amazônia gera "preocupação"
no governo Bolsonaro, que vem sendo criticado internacionalmente por afrouxar
as políticas ambientais do país.
(ANSA)
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