Da Agência Brasil
Composto derivado de planta originária da Mata Atlântica,
a Nectranda leucantha, conhecida como canela-seca ou canela-branca,
combate parasitas que transmitem a leishmaniose visceral e a doença de Chagas. Estudo do
Instituto Adolfo Lutz, Universidade Federal do ABC e Universidade de Oxford,
apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),
pode resultar em novos medicamentos para o tratamento de pacientes.
Os pesquisadores dessas instituições têm se dedicado à
identificação de substâncias com origem na biodiversidade da Mata Atlântica que
possam resultar em novos tratamentos para as chamadas doenças negligenciadas,
aquelas causadas por agentes infecciosos ou parasitas que afetam principalmente
populações mais pobres. Além da leishmaniose e Chagas, outros exemplos desse tipo de
doença são dengue, malária e doença do sono.
“As doenças negligenciadas afetam vários países
especialmente nas zonas tropicais, afetando muitas pessoas carentes. As drogas
ou fármacos disponíveis para o tratamento são escassos e trazem muitos efeitos
colaterais, de modo que muitos usuários desses fármacos preferem interromper o
tratamento antes da cura definitiva. Por isso, a seleção de novos compostos é
crucial”, disse o pesquisador João Henrique Ghilardi Lago, da Universidade
Federal do ABC (UFABC).
Responsável pelo isolamento e determinação estrutural dos
compostos da canela-seca, Ghilardi destacou que há diversas substâncias na
natureza que podem servir como protótipos para o desenvolvimento de novos
medicamentos.
Os compostos retirados da canela-seca foram muito potentes
contra a Leishmania infantum – agente causador da leishmaniose visceral – e
o Trypanosoma cruzi – causador da doença de Chagas –, de acordo com
os pesquisadores, levando inclusive à morte dos parasitas.
“O próximo passo do nosso trabalho consiste na realização
de ensaios in vivo, ou seja, no animal acometido pela doença para confirmação
da atividade já observada nos nossos estudos. O importante, nesse caso, é que a
substância que testamos apresenta baixa toxicidade, ou seja, é seletiva atuando
no parasita”, explicou o pesquisador.
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