O professor de filosofia da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE) Rodrigo Jungmann, uma das vozes dissonantes no meio acadêmico
das Ciências Humanas – geralmente de esquerda – retirou seu apoio a Jair
Bolsonaro (PSL). Por meio de um texto publicado em seu perfil no Facebook na
última terça-feira (30), Jungmann, de direita, se declarou arrependido de ter
feito campanha para o presidente durante as eleições.
“Não sou mais bolsonarista em absoluto”, disse o professor
na postagem. A mudança de posicionamento foi motivada pela fala de Bolsonaro
sobre o pai do presidente da OAB Felipe Santa Cruz na última segunda-feira
(29), a jornalistas. “Se um dia o presidente da OAB quiser saber como o pai
dele desapareceu no período militar, eu conto para ele”, afirmou na ocasião.
Jungmann, em seu texto, repudiou o que o presidente disse.
“Não se tripudia, não se debocha, não se fala em tom de pouco caso da perda de
um pai”, ressaltou. O professor, ainda, classificou-se como parte da “direita
com superego”.
“A falta de evidência, o tom casual da declaração, sem
consideração pelos sentimentos da família, tudo isso revela o mesmíssimo nível
de baixeza. Para não mencionar o silêncio sobre algo de que ele supostamente
tinha consciência há decênios, supondo que seja verdadeira a versão, e que teria
a obrigação moral de informar aos interessados”, continuou Jungmann.
Perda de apoio e críticas
O professor Jungmann foi o primeiro acadêmico que retirou o
apoio a Bolsonaro publicamente. Com esse fato, o presidente começa a perder
endosso nos setores mais à direita. Na última terça (30), o governador de São
Paulo João Doria (PSDB), cuja campanha cunhou o termo “bolsodoria”, disse que
seu governo nunca teve alinhamento com o de Jair Bolsonaro.
“Não posso silenciar diante desse fato. Eu sou filho de um
deputado cassado pelo golpe de 1964. Vivi o exílio com meu pai, que perdeu
quase tudo na vida em dez anos de exílio pela ditadura”, comentou Doria.
O governador do Rio
de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), também criticou a fala de Bolsonaro. “A Lei da
Anistia sepultou todos os fatos relativos ao período militar, que os mortos de
todos os lados descansem em paz”, afirmou em entrevista à revista Época. Blog de Jamildo.
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