Nesta quinta-feira (11), uma inovadora iniciativa
científica e pedagógica dará um passo adiante para a produção conjunta de água,
energia e de alimento no semiárido a partir das riquezas naturais do bioma
Caatinga e das caraterísticas do clima semiárido transformada em energia
elétrica. O município escolhido foi Ibimirim, no Sertão do Moxotó. Dentro da
escola de Agroecologia Serta está sendo montado o 1ª Sistema Agrovoltaíco do
Brasil. A tecnologia é formada por painéis solares que receberão a vistoria da
Celpe e sua liberação para a distribuição dessa energia em rede. Ela será
ligada a sistemas de produção de alimento (Aquaponia) e de água via placas,
tanques e reatores para captação, tratamento e reuso para fins agrícola e
plantio de muda de planta nativa com potencial bioeconômicas.
“Após a certificação dos painéis fotovoltaicos pela Celpe
nesta quinta-feira no Serta, possibilitando inclusive que a energia gerada seja
usada dentro da escola a partir da próxima semana, daremos então andamento a
etapa final do projeto”, antecipa Francis Lacerda, pesquisadora do Instituto
Agronômico de Pernambuco (IPA) e coordenadora do Ecolume - rede nacional de
estudiosos responsável pela iniciativa, financiada pelo CNPq, do Ministério de
Ciência e Tecnologia. O Ecolume é formado por instituições como a UFPE,
Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) e IPA.
O foco da rede é encontrar soluções socioeconômicos e
ambientais diante dos efeitos das mudanças do clima para populações e sobre a
Caatinga. “É preciso adaptamos tecnologias e a nossa cultura (educação e
ciência) a partir dos elementos da própria natureza através de riquezas do
próprio bioma e do semiárido. O sistema agrovoltaíco visa mostrar que isso não
só é possível como promissor nas esferas social, econômica e ambiental”,
ressalta Francis, que é climatologista e doutora em Recursos Hídricos.
Com poucas placas solares já é possível gerar energia para
a produção familiar de alimento (vegetal e animal) por meio do sistema de
aquaponia. E ainda para a produção de mudas de planta nativas através de
viveiros abertos e irrigados por tecnologias de reuso de águas do uso
doméstico. Ambos os sistemas são muito simples e têm baixos custos, podendo ser
replicados pelos pequenos agricultores em suas propriedades em todo o semiárido
para fins alimentares, hídricos e energéticos”, conta Francis.
Ademais, a pesquisadora destaca que o cultivo de plantas
sertanejas, a exemplo do umbu, amplifica os benefícios sociais e serviços
ambientais do empreendimento. Além de contribuir com o replantio delas na
região, o que vai auxiliando no restabelecimento da água no solo e na regulação
do microclima local e assim com o clima geral do planeta, possibilita ainda
criação futura de novas cadeias produtivas bioeconômicas a partir delas. O
umbu, por exemplo, tem potencial da fabricação até mesmo de cerveja.
Em Afogados da Ingazeira, inclusive, já tem uma associação
rural que fica dentro da reserva ambiental Serra do Giz interessada na
construção do seu sistema agrovoltaíco em parceria com o Ecolume e a prefeitura
local. A intenção é desenvolvê-lo para fins produtivos bioeconômicos.
No Serta, 10 painéis solares já foram instalados. Além da
geração de energia, eles ainda têm a finalidade da captação da água da chuva e
armazenamento. Também foi montado o sistema de tratamento e reuso de água para
fins agrícola e de saneamento básico. Na sequência, o sistema de aquaponia será
montado embaixo dos painéis, aproveitando a sua sombra e a água. O experimento
terá a finalidade pedagógica. Os filhos de agricultores que estudam por lá
terão a oportunidade de conhecer a tecnologia, aprender que é possível e
replicá-la em suas comunidades no NE”, realça Francis. Com Informações da
Assessoria do Ecolume.
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