A equipe econômica se prepara para anunciar nas próximas
semanas os detalhes de seu ambicioso programa de privatização, mas ainda estuda
a melhor estratégia para divulgar o projeto e “desconstruir” a narrativa de que
a venda de estatais vai contra os interesses e a soberania do País.
A percepção no Ministério da Economia é de que, embora a
resistência à privatização tenha diminuído nos últimos anos, uma parcela da
sociedade e do Congresso ainda se opõe ao programa, que poderá render até R$
450 bilhões para os cofres do governo, de acordo com um levantamento feito pelo
Estado com base nas participações diretas e indiretas da União e nas concessões
que estão no radar. Até uma alternativa à palavra privatização, que estaria
“estigmatizada”, está em discussão no momento.
Em princípio, segundo uma fonte do ministério envolvida no
projeto, a ideia é seguir o bem-sucedido modelo adotado para a reforma da
Previdência, com a realização de uma grande entrevista coletiva em
Brasília.
Na coletiva, o secretário Especial de Desestatização e
Desinvestimento, Salim Mattar, e seus principais assessores fariam uma
apresentação aos jornalistas dos principais veículos de comunicação e
responderiam às dúvidas sobre o programa durante o tempo que fosse necessário,
de preferência com transmissão em rede nacional por algum canal de TV, como
aconteceu com a Previdência.
Outra possibilidade que está sendo analisada é “fatiar” o
programa e anunciá-lo por etapas, para não criar resistências desnecessárias,
com a divulgação de todos os detalhes de uma vez só.
Apesar de a privatização parecer algo distante do dia a dia
da população, enquanto a reforma da Previdência mexe diretamente com o bolso e
as expectativas do brasileiro, tudo indica que as dificuldades para o governo
tocar o programa serão iguais ou maiores do que as que ele está enfrentando com
a mudança nas aposentadorias. Mesmo levando em conta que a privatização também
deverá reduzir os gastos públicos, além de permitir ao governo se concentrar
nas áreas de educação, saúde e segurança e de contribuir para a diminuição da
corrupção e do tráfico de influência. Por: AE/Diário de Pernambuco
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