G1
O presidente da Ordem do Advogados do Brasil (OAB),
Felipe Santa Cruz, afirmou nesta segunda-feira (29) que o presidente Jair Bolsonaro “deixa
patente seu desconhecimento sobre a diferença entre público e privado,
demostrando mais uma vez traços de caráter graves em um governante: a crueldade
e a falta de empatia”.
Mais cedo, em entrevista à imprensa, Bolsonaro disse que um
dia contará a Santa Cruz como
o pai do jurista desapareceu na ditadura militar, caso a informação
interesse. O presidente ainda disse que Santa Cruz "não
vai querer saber a verdade" sobre o pai, Fernando Augusto de
Santa Cruz Oliveira, que desapareceu no período na ditadura militar
(1964-1985).
Em resposta a Bolsonaro, Santa Cruz disse em uma carta que,
“lamentavelmente, temos um presidente que trata a perda de um pai como se fosse
assunto corriqueiro – e debocha do assassinato de um jovem aos 26 anos” (leia a
íntegra da carta ao final desta publicação).
Conforme
informou o blog, o pai do presidente da OAB militou no movimento estudantil
e participou da Juventude Universitária Católica (JUC), movimento da Igreja
reconhecido pela hierarquia eclesiástica, e depois integrou a Ação Popular
(AP), organização de esquerda contrária ao regime.
Fernando desapareceu em um encontro que teria no Rio de
Janeiro, em 1974, com um colega militante, Eduardo Collier Filho, da mesma
organização. Segundo o livro "Direito à memória e à verdade",
produzido pelo governo federal, Fernando e o colega foram presos juntos em
Copacabana por agentes do DOI-CODI-RJ em 23 de fevereiro daquele ano.
“Meu pai era da juventude católica de Pernambuco,
funcionário público, casado, aluno de Direito. Minha avó acaba de falecer, aos
105 anos, sem saber como o filho foi assassinado. Se o presidente sabe, por
'vivência', tanto sobre o presente caso quanto com relação aos de todos os
demais 'desaparecidos', nossas famílias querem saber”, afirma Santa Cruz na
missiva.
Santa Cruz ainda rechaçou os comentários de Bolsonaro,
ressaltando que “é de se estranhar tal comportamento em um homem que se diz
cristão” e define as declarações do presidente como “inqualificáveis”.
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