A revista científica britânica The Lancet publicou um editorial,
divulgado nesta sexta-feira (9), Dia Internacional dos Povos Indígenas, no qual
alerta para as iniciativas do governo de Jair Bolsonaro que comprometem a
sobrevivência da população indígena no Brasil. O texto adverte sobre o
desmatamento acelerado da floresta tropical no país, que ameaça povos que
dependem diretamente da terra, e também menciona as invasões em seu território
com atividades econômicas predatórias.
“O Brasil acolhe 1 milhão de Indígenas espalhados por 300
tribos, das quais 100 não são contactáveis. Encorajados pela promessa do
presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, de abolir as reservas Indígenas,
e abrir a terra para exploração comercial, madeireiros ilegais, garimpeiros e
usurpadores de terras públicas, muitas vezes armados, têm-se infiltrado nos
territórios Indígenas protegidos”, descreve o editorial. “No norte do país, por
exemplo, estima-se que 20 000 exploradores de ouro ilegais tenham entrado na
reserva Yanomani, que é uma das maiores áreas Indígenas no Brasil. A extração
mineira polui os rios com mercúrio e sedimentos, desgasta as margens dos rios,
destrói árvores e cria largas lagoas de água estagnada que são meios favoráveis
à reprodução de mosquitos. As pessoas ilegalmente infiltradas também podem
transmitir doenças para as quais a população Indígena tem pouca ou nenhuma
imunidade.”
O editorial ainda aponta para a questão orçamentária e os
corte na área de saúde, citando a saída de profissionais do Mais Médicos. “Os
serviços de saúde Indígena são muito mais vulneráveis a cortes de orçamento,
especialmente porque as populações alvo são em geral pessoas sem poder, que
vivem em regiões longe da capital do país ou das cidades principais. Para além
disso, na sequência da saída de mais de 8500 médicos Cubanos que trabalhavam
para o programa ‘Mais Médicos’, muitas comunidades Indígenas atualmente não têm
acesso a um médico.”
“A presidência de Bolsonaro representa a ameaça mais séria
para a população Indígena Brasileira desde a Constituição de 1988, que garantiu
à população Indígena o direito de usar a sua terra em exclusividade. A pressão
internacional em Bolsonaro, para parar a destruição da floresta tropical e
proteger o território Indígena da intrusão ilegal, é crucial para assegurar a
integridade e autonomia da população Indígena do país e protegê-los de mais
prejuízos”, conclui o The Lancet.
Por RBA
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