O cenário para o transporte público por ônibus só piora no
Brasil. Em um ano, entre abril de 2018 e abril de 2019, o setor perdeu 12,5
milhões de passageiros. E os culpados por essa queda não são apenas o
crescimento do uso dos aplicativos de transporte privado de passageiros e a
crise econômica nacional. A perda se deve, principalmente, à falta de políticas
públicas de financiamento do transporte público e à histórica ausência de
infraestrutura para a circulação dos ônibus no sistema viário do País. É um dos
piores momentos vividos pelo setor.
A situação preocupante foi apresentada durante o Seminário
Nacional de Transporte Público, promovido esta semana em Brasília, pela
Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Os números fazem
parte do anuário elaborado pela entidade e revelam a omissão do País em relação
à mobilidade urbana. Um exemplo é a constatação de que os investimentos na área
foram irrisórios nos últimos dez anos. Apenas 9,4% do que era previsto foi
executado. O transporte público, que responde por 80% dos deslocamentos no
País, levando e trazendo 280 milhões de passageiros por mês, recebeu R$ 14,2
bilhões, quando o prometido pelos gestores públicos e políticos era de R$ 151,7
bilhões.
Os dados têm como base nove capitais brasileiras, o Recife
entre elas. São números obtidos nas cidades de Belo Horizonte (MG), Curitiba
(PR), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ),
Salvador (BA) e São Paulo (SP), além, da capital pernambucana. No Seminário
Nacional, a constatação foi de que o transporte público – o ônibus ainda mais
do que o metrô – segue menosprezado no Brasil. A importância dele está no
discurso de todos, mas na prática pouco é executado. O desânimo dos números
apresentados pela NTU são reflexo da ausência de metas do governo federal para
a mobilidade urbana brasileira. O que se comprovou na curta declaração do
representante da Casa Civil da Presidência da República Martin Ramos
Cavalcanti. “Os investimentos na área de mobilidade urbana terão que ser feitos
via financiamento ou empréstimo das cidades e estados. O governo federal não
tem dinheiro para gastar em projetos inviáveis, como foi feito nas gestões
passadas. E não vai viabilizar power-points. Os gestores públicos e o setor
empresarial terão que ter projetos de verdade para conseguir recursos”,
afirmou. (Jc Online)
Nenhum comentário:
Postar um comentário