A queda da vacinação abriu portas para o retorno do
sarampo, que tem deixado cidades brasileiras em situação de surto. Agora os
especialistas chamam a atenção para a necessidade de se aumentar a adesão à
tríplice viral não apenas para interromper a transmissão ativa do vírus do
sarampo, mas também para prevenir caxumba e impedir a volta da rubéola –
eliminada do Brasil em 2015. A caxumba ainda causa adoecimentos. No ano
passado, em Pernambuco, foram 1.338 casos confirmados, segundo dados da Secretaria
Estadual de Saúde (SES). É por isso que a população prioritária da tríplice
viral não deve deixar de receber a vacina, que serve de escudo contra três
doenças.
Neste momento de surto em atividade com transmissão
sustentada do sarampo, principalmente em São Paulo, as autoridades de saúde
reforçam que o foco da imunização são as crianças, já que se trata de um
público mais vulnerável a formas graves da doença, o que pode levar a óbito.
“Vacinação é um tema de todos os dias. Atualmente o foco de proteção é a faixa
etária infantil, que precisa ter um índice de cobertura vacinal de pelo menos
95%”, salienta o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia. Nas crianças
de 1 ano da cidade, a cobertura vacinal da primeira dose de tríplice viral este
ano está em 83%; a segunda, em 64%.
Com a baixa no índice vacinal, o risco de sarampo é uma
realidade. Além disso, vem a possibilidade de que a rubéola, já eliminada,
volte a ocorrer. “Infelizmente assistimos a um surto de sarampo, o que já era
algo anunciado, pois as coberturas vacinais progressivamente caíram nos últimos
três anos. O detalhe que precisa ser considerado é que a vacina que oferece
proteção contra sarampo é a mesma que evita a rubéola. Em relação a esta, temos
nos preocupado com a possibilidade de retorno, já que temos públicos não
imunizados”, destaca o médico Eduardo Jorge da Fonseca Lima, integrante do
Comitê de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). De acordo com
ele, a rubéola congênita é a que inspira maiores cuidados – e só a vacinação
pode manter o Brasil longe do problema, que deixou de causar adoecimento em
Pernambuco desde 2008, quando foram confirmados sete casos. É do mesmo ano a
última notificação na capital pernambucana.
“O fato de estarmos sem registros nos últimos anos não
significa que os casos desapareceram por completo. Pode haver subnotificação”,
diz Jailson Correia, que recorda como a eliminação da rubéola vem do reflexo de
uma campanha de vacinação, voltada a homens e mulheres de 20 a 39 anos, em
2008. No País, naquele ano, 97% do público-alvo foram alcançados. A questão é
que a saída de circulação de doenças prevenidas por vacina pode passar a
sensação falsa de segurança de que a população não mais precisa se imunizar.
Foi (também) por esse sentimento que o sarampo retornou ao território
brasileiro. (Jc Online)
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