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Dengue, chicungunha e zika já causaram juntas o adoecimento
de 14 mil pessoas em Pernambuco em 2019. Isso é grave, muito grave, e mais
ainda quando se sabe que outros 22.719 casos de pacientes que apresentaram
sintomas de arboviroses permanecem em investigação no Estado, que tem duas
mortes confirmadas por dengue e 46 sendo investigadas. Significa dizer que
estamos em situação epidêmica, com números alarmantes - como do Sertão, que tem
regiões com variação de 2.000% no número de casos na comparação com o ano
passado – exigindo uma convocação para guerra, como fez Oswaldo Cruz no começo
do século passado.
Esse quadro que reproduz um capítulo da história brasileira
um século depois, difícil de ser inteiramente exposto com palavras, leva a
Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco à luta em condições desiguais para a
gravidade do combate: usa como arma possível no momento a campanha “Sem
mosquito não tem doença”, o que vem sendo dito exaustivamente mas ainda falta o
fundamental: a adesão de todos os pernambucanos de todas as idades que permitam
a consciência do perigo real e imediato que bate em todas as portas através de
um mosquito.
Surpreende, nessa batalha, que ainda haja dificuldade em
combater um inimigo cuja forma de vencer já se conhece há pelo menos um século
não apenas pelas autoridades sanitárias mas pelas populações, exigindo pouco
esforço e ações prosaicas como manter recipientes com água devidamente cobertos
ou tampados e, quando não estão em uso, baldes e caixas-d’água guardados em
local coberto, enquanto as garrafas simplesmente devem ser mantidas com a boca
para baixo, para não entrar o terrível Aedes aegypti. O trabalho reforça ainda
a atenção a calhas, vasos de planta e piscinas, locais que facilmente podem se
transformar em criadouros para o mosquito.
Todo cuidado é pouco
Uma atenção especial deve ser dirigida ao que diz a
Secretaria Estadual de Saúde: há perigo, sim, de surtos nos próximos meses e
todo cuidado é pouco. O desafio é tão grande e diz respeito a tanta gente que
não será exagero trazer aos dias de hoje a mesma tensão bélica que fez de
Oswaldo Cruz um combatente histórico no começo do século passado, quando
mobilizou a população do Rio de Janeiro para enfrentar o mesmo inimigo, o
mosquito que prolifera escondido mas em lugares que sabemos quais são e podem
ser destruídos. Se foi possível que as brigadas de Oswaldo Cruz entrassem nas
casas, nos jardins, quintais e percorressem as ruas eliminando focos de
insetos, quando ainda era tão grande a ignorância em matéria de epidemias, o
que falta para hoje recebermos civilizadamente as brigadas e até convocarmos
suas presenças?
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