Estadão Conteúdo
A falta da vacina pentavalente (contra difteria, tétano,
coqueluche, hepatite B e hemófilo B), que já é sentida em vários postos do
Sistema Único de Saúde (SUS), deverá se agravar até o fim do ano, em
consequência da reprovação do produto, que era importado da Índia. Os primeiros
problemas da vacina, produzida pela empresa Biologicals E. Limited, foram
identificados no início do ano. Três lotes foram reprovados pelo Instituto
Nacional de Qualidade em Saúde (INCQS). A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), em junho, reprovou a importação. Com isso, cerca de 3
milhões de doses precisaram ser devolvidas.
De acordo com o Ministério da Saúde, foi feita a compra com
outros fornecedores para atender à demanda do País. A entrega dos imunizantes,
contudo, será feita de forma escalonada. Os primeiros carregamentos começaram a
chegar em agosto. Foram 400 mil doses, metade da demanda nacional. Se não
houver imprevistos no calendário, até novembro chegarão 6,6 milhões de doses. A
demora na entrega é atribuída à dificuldade na produção. O Ministério da Saúde
afirmou que não havia no mercado internacional disponibilidade imediata para a
compra da vacina. Depois da chegada ao País, as vacinas terão de passar por uma
avaliação no INCQS antes de serem distribuídas para Estados e chegarem às salas
de vacinação.
Todos os meses, 800 mil doses da vacina são aplicadas no
País. Há, ainda, uma demanda que não foi atendida nos últimos meses. A pasta
informou que, regularizados os estoques, equipes de saúde deverão fazer uma
busca ativa para localizar as crianças que não foram imunizadas. A estimativa é
de que a situação seja normalizada apenas em fevereiro de 2020.
A falta da vacina ocorre às vésperas da campanha de
multivacinação anunciada pelo governo. A iniciativa, prevista para outubro, tem
como principal objetivo melhorar a cobertura vacinal contra o sarampo, em
virtude do surto que atinge 13 Estados. A campanha, no entanto, serviria também
para atualizar outras vacinas, como a pentavalente. Com a ausência do imunizante,
o alcance da campanha será em parte comprometido. "É uma pena. Seria uma
boa oportunidade de se atualizar a carteira", afirmou o presidente da
Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha.
A cobertura vacinal no País está em queda. Nos últimos dois
anos, os indicadores, considerados adequados, sofreram uma expressiva redução.
Em 2018, por exemplo, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, 312 cidades
do País tinham alto risco de retorno da poliomielite. Em nota, o Ministério
informou não haver dados que indiquem emergência das doenças protegidas pela
pentavalente. Mesmo assim, acrescentou a pasta, há estoques suficientes para
ações de bloqueio, caso surtos ocorram.
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