Iniciado em 2010 com incentivo de instituições de fomento à
Agroecologia no Pajeú, o “Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos” é
desenvolvido por agricultores da Associação Agroecológica do Pajeú de
Certificação Participativa (ASAP), que recebe apoio da Prefeitura de Serra
Talhada, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura e Recursos Hídricos. O
projeto sustentável é financiado pelo Instituto C&A e implementado em
parceria com Diaconia.
Apesar dos seguidos anos de seca que atingiram a região
Nordeste recentemente, a associação vem resistindo e produzindo algodão sem
agrotóxicos de forma consorciada com outras culturas, como milho, feijão,
abóbora e gergelim. A produção de algodão é colhida pelos agricultores e
beneficiada na sede da ASAP, que fica localizada em Santa Rita, distrito de
Serra Talhada, local no qual acontece o beneficiamento do algodão produzido
esse ano, com uma expectativa de até 4 toneladas.
Após o processo de descaroçamento, a pluma é ensacada e
exportada para Catalão na Espanha, pela empresa compradora da matéria-prima, a
Organic Cotton Colours, que trabalha com algodão 100% orgânico. Desde 2010, a
associação já produziu e exportou cerca de 40 toneladas do “ouro branco”.
De acordo com o secretário de Agricultura e Recursos Hídricos,
Zé Pereira, o projeto ajuda a renda dos agricultores da região. “É uma
satisfação poder apoiar os agricultores nessa retomada da produção do algodão,
que já fez Serra Talhada ser chamada a capital do ouro branco antes da praga do
bicudo, e que vem auxiliando na renda de várias famílias de Serra Talhada e da
região”, comentou.
Para o agricultor e presidente da ASAP, Claudevan José dos
Santos, o projeto impacta econômica e socialmente as famílias, que além de
terem uma renda, despertam para o cultivo responsável da terra através das
práticas agroecológicas. “O impacto é antes de tudo social, onde a família
trabalha a Agroecologia, sabe como muda a vida dela no campo, cuida melhor da
terra e consome alimentos saudáveis, além de produzir a matéria prima, que vem
gerando renda, junto com os outros consórcios de milho, feijão, abóbora e
gergelim”, disse. Segundo ele, os produtos cultivados em consórcio com o
algodão são vendidos ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “Além
de exportar o algodão, o agricultor vende os outros produtos para o PNAE, e
agora nós recebemos um apoio forte da Organização das Nações Unidas (ONU), para
que esses alimentos sejam destinados para a merenda escolar”, completou.
Atualmente, a ASAP tem 72 famílias cadastradas nos
três municípios de atuação do “Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos”,
que são Serra Talhada, Afogados da Ingazeira e Sertânia. Somente em Serra
Talhada são 50 famílias cadastradas, sendo que 38 estão aptas no momento para
exportar a produção por terem seguidos todas as exigências da certificação
orgânica. Em 2020, a expectativa é expandir o projeto para os municípios de
Mirandiba, São José do Egito e Iguaraci, cadastrando novas famílias.
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