Catorze unidades de conservação federais marinhas já foram
atingidas pelo óleo que polui o litoral nordestino há mais de um mês, segundo
monitoramento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente. São parques nacionais,
reservas voltadas para a proteção ambiental e extrativistas, entre o Maranhão e
o Sergipe, tornando ainda pior o impacto do desastre.
Os danos mais visíveis envolvem as tartarugas cobertas de
óleo e há esforços do Projeto Tamar para resgatar os filhotes e soltá-los em
alto-mar, como ocorre na Reserva Biológica Santa Isabel (SE). Segundo o ICMBio,
cerca de mil filhotes já foram levados para o alto-mar e há um monitoramento
diário das desovas. E para essas espécies o cenário acaba de ficar ainda mais
complicado, porque a mancha chegou ontem à Praia do Forte, na Bahia, a
principal área de desova de tartarugas do País - e a maior densidade de
população e onde são encontradas quatro das cinco espécies relatadas no Brasil,
segundo a Fundação Pró-Tamar.
Mas várias outras unidades de conservação também estão
sofrendo os danos, em diferentes graus. Toda essa costa é muito rica em recifes
de corais, o que a torna particularmente sensível a desastres ambientais. Um
vazamento ali afetaria a região com a maior biodiversidade marinha do Brasil, e
principal berçário das baleias jubarte. O parque de Abrolhos fica bem ao sul da
Bahia, ainda longe das manchas, mas já há algumas estimativas de que o óleo
pode chegar até Porto Seguro.
"O impacto é presente em todos os ecossistemas. Desde
a superfície, onde está a mancha, até os bancos de grama marinhos, alimento
para o peixe-boi. Cobre corais. Nas marés altas, entra nos manguezais. É uma
região toda conectada", diz o biólogo especializado em oceanografia
Clemente Coelho Jr, da Universidade de Pernambuco. "Visualmente, nós vemos
mais o impacto nas tartarugas, que sobem para respirar e acabam ficando
oleadas. O problema é o que não estamos vendo."
Nos recifes de corais mais próximos das praias, por
exemplo, já há imagens mostrando que a mancha está se depositando na maré
baixa, impregnando a estrutura calcária. "Uma vez incrustado em corais,
bancos areníticos e rochosos, é praticamente impossível limpar", afirma
Coelho Jr. Por: AE
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