Em um dia histórico para a política americana, a Câmara dos
Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira (18) o impeachment
do presidente Donald Trump.
De maioria democrata, o plenário da Casa registrou 230 votos a favor e 197
contra a acusação de que o presidente cometeu abuso de poder ao pressionar a
Ucrânia a investigar Joe Biden, seu principal adversário na eleição de 2020.
Dois democratas votaram pela permanência de Trump no cargo.
O presidente também é acusado de obstruir o Congresso ao atrapalhar as
investigações depois que o episódio foi descoberto -foram 229 votos a favor e
198 contra a denúncia. Três democratas votaram a favor do republicano.
Eram necessários 216 votos para aprovar o impeachment em
pelo menos uma das acusações -maioria simples dos 431 deputados em plenário-
mas o resultado ainda não é suficiente para tirar Trump da Casa Branca.
John Shimkus, deputado republicano de Illinois, não foi votar porque está
visitando o filho na Tanzânia. Ele disse que avisou Trump que a viagem estava
marcada desde antes da votação ser agendada na Câmara e que não apoiaria o
impeachment caso estivesse na Casa.
Ao contrário do Brasil, onde o afastamento do chefe de governo acontece
imediatamente após o Senado receber a denúncia de impeachment aprovada pela
Câmara, o presidente dos EUA só deixa o cargo depois de ser condenado no
Senado, hoje comandado por maioria republicana.
A partir de janeiro os 100 senadores, 53 deles republicanos, serão os jurados
das acusações chanceladas pelos deputados, em sessões comandadas pelo
presidente da Suprema Corte, John Roberts.
O avanço do impeachment, porém, vai além dos trâmites legais. O processo é pano
de fundo da eleição do próximo ano e tem servido de estratégia aos dois lados
de um polarizado tabuleiro político.
O desfecho na Câmara, de maioria oposicionista, já era esperado em Washington, mas servirá de reforço à narrativa dos democratas de que Trump não tem mais condições de liderar o país.
A expectativa da oposição é de que o passo concreto dado nesta quarta-feira
estimule o apoio popular em torno do tema e pressione os senadores a também
votar pelo impeachment.
Mas o roteiro tem dois problemas fundamentais: o interesse dos eleitores
americanos sobre o processo diminui a cada semana e o assunto parece ter se
tornado apenas mais um elemento de disputa partidária.
Além disso, os democratas sabem, o cenário é favorável a Trump no Senado. Os
republicanos têm maioria na Casa e apostam nisso para enterrar de vez o
processo contra o presidente. Por: Folhapress.
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