Com as águas do Rio São Francisco, os dois grandes canais
da transposição também abrem o caminho para que alguns peixes se movimentem
(quase) livremente de um lugar para outro.
Monitorando os rios antes e depois dos canais da
transposição, pesquisadores da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf)
já descobriram que pelo menos três espécies de peixes foram
transportadas involuntariamente até áreas do Nordeste brasileiro onde, antes,
não existiam.
Isso ocorre mesmo após a implantação de barreiras nas
estações de bombeamento, que serviriam justamente para impedir a passagem dos
peixes. A transposição do Rio São Francisco é a construção de dois grandes
canais (um Eixo Norte e um Eixo Leste, totalizando 477 km em obras) que levam
águas desse rio essencial para o Nordeste brasileiro até outra área,
tradicionalmente bem mais seca.
Pequenos peixes acabam superando as grades de contenção e
podem passar também em forma de larvas ou ovos. Diferentemente dos maiores,
eles sobrevivem às hélices das bombas nos canais do São Francisco.
Essas três espécies não são carnívoras. Seus nomes só serão
revelados em um artigo científico no ano que vem. Mas os impactos dessa mudança
de habitat de alguns peixes e a interação com outras espécies em novas águas
ainda são desconhecidos.
Por isso, é necessário manter o monitoramento em médio e
longo prazos, conforme contou ao G1 o pesquisador em Ciências da
Terra e Meio Ambiente, Augusto Luís Bentinho Silva.
Com uma equipe formada por cinco profissionais ele trabalha
no laboratório do Centro de Conservação e Manejo de Fauna (Cemafauna), que fica
no Campus de Ciências Agrárias da Univasf, em Petrolina (PE), e monitora
dezenas de pontos nas bacias da região. O Cemafauna faz um trabalho de
observação da fauna na região da transposição do São Francisco desde 2008. E,
desde 2012, os peixes são objeto de estudo dos pesquisadores. (G1)
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